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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

HOJE, QUINTA-FEIRA, É DIA DA SÉRIE DO BLOG DE ENTREVISTAS - PASSANDO A LIMPO E NOSSO ENTREVISTADO DE HOJE, NÃO PROPRIAMENTE UMA ENTREVISTA FORMAL, MAS UMA CONVERSA INFORMAL DE VELHOS AMIGOS DE INFÂNCIA.

PASSANDO A LIMPO – SÉRIE DO BLOG ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO


SÉRIE BLOG DE ENTREVISTAS

    Hoje, na série do Blog de Entrevistas com Manoel Modesto, o que houve na realidade, foi uma conversa informal com um amigo de infância, Edmilson Soares de Macêdo, filho de Zé Soares do Sinuca e de Dona Maria do Espírito Santo. Edmilson é mais conhecido popularmente, desde aqueles tempos em que brincávamos nas rústicas ruas buiquenses, de brincadeiras próprias de nossas idades e hoje, achei por bem, ao invés de fazer uma entrevista seguindo as formalidades de sempre, em termos uma conversa de amigos, cara à cara, olho no olho, rememorando os tempos memoráveis de nossas infâncias e falarmos um pouco do nosso passado e de como foi que veio até sua alma, seu eu interior, o dom da arte de pintar. Primeiramente procuramos relembrar os tempos em que assistíamos aos filmes que passavam no único cinema existente em Buíque naqueles anos dourados do mundo de nossas infâncias vividas, e que, costumeiramente, passava seriados, uma espécie de capítulo por semana, geralmente filmes do gênero Far West americanos, de mocinhos, das mocinhas melosas e apaixonadas, de índios e bandidos e que a cada semana que passava um capítulo, ficávamos ansioso para assistirmos ao próximo que viria somente na semana seguinte e, para não perdermos a emoção dos capítulos que sempre terminava com uma cena de perigo, tipo de risco iminente de desastre impossível de ser vencido, numa cena em que geralmente o mocinho, ou a mocinha, ficava numa situação de dificuldade para ser salva pelo mocinho e com isso, buscávamos no imaginário de cada um da gente, fazer dos filmes, uma brincadeira, em que fazíamos arcos e flechas com galhos de madeiras dobráveis, revólveres de madeira também e íamos brincar de mocinhos, bandidos, de índios pelas ruas centrais de Buíque, principalmente nas proximidades da praça Vigário João Inácio e da então Escola Duque de Caxias, que ainda existia entre as duas praças e na extensão de um sítio de meu avô Manoel Modesto, que se alongava desde onde hoje é a entrada do Campo de Futebol, ali do cemitério, e se estendia até à esquina de Zé do Barraco. Era tudo um belo sítio dominado por frondosas fruteiras de todas as espécies. Era emocionante as brincadeiras imitativas da arte do cinema, que nos fazia viajar a um mundo imaginário de emoções e por isso mesmo, queríamos sentir na própria pele a emoção vivida no cinema. Naquela época o cinema que teve alguns donos como meu tio Zé Modesto, Zé de Joca e Jurandir de João Grosso, era de uma forma rudimentar de tal maneira, que em muitas ocasiões, a gente tinha que levar as cadeiras de casa, para poder assistirmos aos nossos filmes de aventuras, entre os quais nos deleitávamos com as bravuras de Zorro, Tonto, Flecha Ligeira, Billy The Kid, Bat Masterson, Batman e Robin, entre outros. Cada um dos partícipes da brincadeira, recebia um desses nomes ou dos mocinhos ou bandidos, geralmente a gente só queria ser os mocinhos, mas apareciam os bandidos também. Edmilson, era Billy Kid, daí o seu apelido até hoje, nome com o qual assina os quadros que pinta e seus trabalhos em letreiros que desenvolve por nossa região. Até hoje, meu irmão Miltinho Modesto, só manda pintar o letreiro de sua Panificadora Cardeal, em Arcoverde, por Edmilson e isso vem desde o Bar Arizona, na década de 70, em Buíque.
     Billy Kid, desenvolveu à sua arte, a partir dos 10 para 11 anos de idade, que já começara a partir de então, na própria escola onde aprendia as primeiras letras, a fazer desenhos, ao invés de fazer as lições impostas pelas rigorosas professoras à época, a exemplo de Dona Aderita Cursino, Edvando Modesto, entre outras, na mesma escola onde também aprendi as primeiras letras, a Duque de Caxias, que ficava entre as duas praças, Vigário João Ignácio e Major França, que por falta de visão histórica, foi varrida por Anibal Cursino quando prefeito de Buíque, do nosso mapa, de nossa história, menos de nossa memória, pelo menos enquanto existirmos, mas acredito, pelos movimentos culturais que estão surgindo e nas próprias obras pintadas à óleo em tela por Billy Kid, esse passado ainda vai perdurar por longas gerações em nossa história. Como autodidata no aprender as habilidades de bem usar o pincel e misturar as cores das tintas, quem primeiro lhes deu algumas dicas sobre o aprimoramento da pintura, foi Zequinha, um exímio pintor de Arcoverde e a partir daí, com as “dicas”, ele passou a desenvolver sua arte com mais perfeição. Não segue escola de pintura alguma, apenas o seu tino de ver o mundo, principalmente a nossa Buíque de nossas infâncias, e transferir as imagens vividas por nós, e através de sua mente com suas hábeis mãos, passar para as belas telas que pinta sobre a nossa Buíque bucólica, histórica, da saudade que não volta jamais. Logo de início, como profissional, só veio a se firmar mesmo, pintando letreiros a partir do governo do Prefeito João de Godoy Neiva, onde começou a para fazer os letreiros de obras da prefeitura, indicado que fora, por Alberes França e depois, recomendado por Público Vale de Oliveira, passou a fazer suas primeiras pinturas para João Quinca, que era o representante à época, da Mercedes Benz em Arcoverde, chegando, inclusive, em face de tanta procura, a morar por certo tempo, naquela cidade, mas como não esquecia Buíque, para sua terra amada, voltou o filho pródigo, onde vive até os dias atuais. Esta conversa mantivemos em seu atelier, local onde desenvolve o seu trabalho, no centro de Buíque.
    Edmilson Soares, ou nosso Billy Kid, como ficou conhecido desde nossas brincadeiras de criança, até hoje faz as suas obras em tela, em madeira, outras tipos de objetos ou materiais, mas é voltado principalmente para as belas telas que pinta de improviso, de onde saem imagens que evocam o nosso passado vivido, e que ainda povoam o seu inconsciente coletivo que vem lá de trás, de sua infância vivida aqui em nossa terra e por isso mesmo, suas principais obras se voltam mais para pinturas de nosso Buíque daqueles idos, que não voltará jamais, até porque, muitas pessoas gananciosas, que só visam lucros e riquezas, destruíram a maioria de nossos prédios históricos, de construções de traços arquitetônicos fincados no colonialismo de nossos colonizados portugueses e hoje, o que resta, são tão-somente, em torno de sete ou oito prédios históricos de nosso passado vivido. Com isso nosso patrimônio histórico, artístico e cultural, praticamente desapareceu do mapa e nos transformamos nesse Buíque horrendo, pobre de história, que os ricos e poderosos o transformaram até o momento e, se não houver um refreamento, uma lei municipal protetiva imperiosa, essa destruição gananciosa de nossa história ou que pouco que dela ainda resta, nada mais vai ficar como referencial de vida, a não ser o sentimento de saudosismo, ao fitar o olhar nos belos quadros de Edmilson, ou nosso querido e popular Billy Kid, que eternizou nossa história em seus quadros, suas obras, embora a maior parte desta tenha sido destruída por pessoas sem visão de mundo, porque a vida de cada um da gente, só pode ser feita, de uma passado de vida como lição, um presente fincado no passado e um futuro alicerçado no presente em que vivemos. Já diz o ditado popular, que costumeiramente gosto de repetir: “povo sem passado, sem presente, é povo sem história, povo sem memória e povo sem futuro”.

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