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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A EMOÇÃO DE ENCONTRAR UM VELHO AMIGO, DEPOIS DE UM CERTO TEMPO, NOS FAZ POR MOMENTOS, REVIVER NOSSO PASSADO DE TER A TIDO A HONRA DE CONHECER PESSOAS TÃO IMPORTANTES EM NOSSA VIDA, A EXEMPLO O EX-BANCÁRIO E EXÍMIO ESCRITOR, WILLIAM PÔRTO, QUE COMO EU, NOS ENCONTRAMOS NO MAR DE ERNEST HEMINGWEY, DESCRITO EM SEU LIVRO, O VELHO E O MAR, ESCRITO EM 1951, EM CUBA.

 A EMOÇÃO DE ENCONTRAR COM UM VELHO AMIGO

     Ontem, como geralmente acontece, estive mais uma vez na minha Pesqueira Secular, para dentro do meu ofício de militante da advocacia, fazer mais uma audiência na Justiça do Trabalho daquela cidade. Qual não foi a surpresa quando soube que o meu velho amigo de longas datas, William Pôrto, se encontrava de férias, com à família, passando uns dias por lá. Digo de férias, porque em sua aposentadoria, ele mora no Recife, passa uns dias em Gravatá e outros tantos, em sua terra do coração, Pesqueira, porque na verdade, ele é natural de Arcoverde. Chegando à sua residência, fui de pronto recebido por sua esposa, que disse que ele não estava, mas que se encontrava por perto, razão pela qual, uma senhora, que se fazia acompanhar de sua esposa, disse “Seu Wila”, está aqui perto, na casa de Zé Xerém! – Aguarde um pouco que vou chama-lo, coisa que o fez. Com poucos minutos de espera, chega o velho amigo, como sempre de vestimentas simples, bermudão, camiseta e cumprimentou-me com um afago de um abraço amigo, de uma pessoa que fazia um certo tempo que não o via. Depois disso, cumprimentou Mucuim, que se fazia acompanhar de minha pessoa. Vendo-o depois de todo esse tempo, percebi que ele estava mais velho, de cabelos e barba esbranquiçados pela intempéries do tempo e me veio logo a lembrança, do livro de Ernest Hemingway, escrito em Cuba, em 1951, e publicado em 1952, “O Velho e o Mar” (The Old Man and the Sea) e percebi de verdade, que a gente estava ficando velho mesmo, e isso é era de uma realidade irrefutável da qual ninguém pode refrear ou negar. É a vida em seu decurso normal e pronto! – Fazer o que?
  Acredito que como Ernest Hemingway nesse livro descreveu, a gente vem remando desde que nascemos em um grande mar, para num certo tempo, ficar parado na vida e somente contemplando o mar, como o autor desse livro gostava de fazer nas belas paias da ilha cubana e, ao olhar para os horizontes da vida, buscar inspiração para continuar no seu ofício da arte de escrever. No momento, com certeza, meu velho amigo William, está fazendo isso. Sua vida tem se limitado à família, seus filhos e, principalmente, aos netinhos, que é o que na verdade estamos a fazer e contemplando o mar, em busca de inspiração para escrever alguns rabiscos. Uma única diferença entre eu e ele, é o fato de que continuo no batente da militância da advocacia, encargo que só deixarei quando não puder mais ter domínio próprio de mim mesmo, fato que jamais espero passar, ou me for desta para outra, mas minha luta, vou continuar com ela até o fim. Ninguém pense que vou me aposentar e a partir daí ficar calado ou parar na vida. Isso não. William, depois de longos anos de trabalho no Banco do Nordeste do Brasil, ao se aposentar, o que tem feito mesmo, é escrever sempre ou em jornais, como no Jornal de Arcoverde, em seu Blog, Combate Popular, e livros, que mesmo sendo um exímio escritor, até o momento não encontrou quem tivesse coragem de bancar um excelente livro que ele escreveu, intitulado “Recuerdas de Canaã”, título bastante sugestivo, que apesar de ficção, trata-se de uma realidade que ele tem muito domínio de escrever, de falar e externar suas ideias. O livro tem cenário centrado, como não poderia deixar de ser, no Golpe Militar de 1964. Só por aí, já dar para se perceber da dimensão de sua obra, que se trata de um assunto bastante palpitante. Infelizmente, para nós escritores, que permanecemos no anonimato, se não bancarmos nossas mesmas criações literárias, ninguém se aventura a bancar, porque o foco principal desse pessoal não é dá vez a novos talentos, mas sim, financiar grandes nomes, mesmo com o apoio da lei Rouanet, que tem financiado justamente quem não precisa de apoio, por ter o bastante e suficiente para bancar suas próprias obras ou grandes editoras.
   Já conhecia William, mesmo antes de vir a morar em Pesqueira, na década de 80 e ambos, éramos bancários, ele do BNB e eu, do BANDEPE e a partir daí, começamos a ter ligações e nos tornamos amigos. Eu de Buíque, e ele de nossa vizinha Arcoverde, nada mais lógico do que nos aproximarmos e nos tornarmos bons amigos. Essa ligação de afinidade veio primeiramente, porque éramos bancários e depois, porque ambos escrevíamos, como ainda continuamos escrevendo e fazendo as nossas críticas ácidas contra os desmandos com os quais nos deparamos no nosso sempre, que muitas das nossas mazelas, não só hoje existem, mas vem se prolongando no avançar dos tempos. Em Pesqueira, nos finais de semana, era numa mesa de bar, ou quando precisa de alguma troca de informação bancária, na própria agência do BNB, no meio da semana. Nos finais de semana, geralmente, era para tomarmos umas e outras e até mesmo todas e discutirmos sobre assuntos, em que o prato principal era política e literatura, mas que sempre terminava se focando mais na política, que nunca, eu e ele, concordávamos com as traquinagens da política daquela época, muito menos, das de hoje, se bem que, ele ainda continua defendendo com unhas e dentes o PT, pois segundo ele, esse partido vem sendo vítima de uma orquestração dos poderosos em destruí-lo e colocá-lo na mesma vala comum dos demais partidos políticos, com o que não concordo, porque o PT teve a chance de ser o diferencial partidário da política brasileira, mas no poder, mostrou que não é muito diferente dos demais partidos políticos e os escândalos pipocaram cada vez com mais intensidade. William, claro, como toda pessoa autêntica, ainda pensa da mesma forma como sempre pensou, afinal ele vem de raízes de políticos da família “Pôrto” de Arcoverde, em que o seu pai, o Major Wilson Pôrto, acusado de subversivo comunista, chegou a ser preso e torturado pela ditadura militar e sofreu as agruras desse execrável regime, razão pela qual, tem ele, em manter suas posições radicais que tanto defende com unhas e dentes e é isso que faz dele, a pessoa autêntica, leal aos seus princípios e marcante que é. Agradeço de coração por ter conhecido pessoas e de ter no meu rol de amizades, um cidadão sério, honesto, digno, honrado e probo, a exemplo desse grande homem e grande escritor William Pôrto, a quem devoto hoje e sempre o meu abraço.

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