PASSANDO A LIMPO
SÉRIE
BLOG DE ENTREVISTAS COM MANOEL MODESTO
Nosso entrevistado de hoje é o nosso amigo Everton
Maciel (EM), mais conhecido popularmente como “Tomtom”, filho de nossos
queridos amigos Doreca e Raul, que é o nosso entrevistado de hoje na SÉRIE DO BLOG ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO, que
vai nos falar de sua vertente de neófito na arte de cinegrafia, entre outros
assuntos culturais que serão abordados nesta ocasião. Fala de suas dificuldades
que vem encontrando para o desenvolvimento de seu trabalho, entretanto, afirma categoricamente
também, que ainda vai ser um grande cineasta de reconhecido valor nos meios
artísticos e culturais, porque acredita em que seus sonhos venham a se tornar
realidade, porque é uma pessoa que vem lutando para que isso venha a acontecer.
Fala também de seu lado poético e diz que muito em breve estará publicando o
seu primeiro livro de poesias. Vamos ao que disse o nosso entrevistado de hoje:
P - MM– Você caro amigo,
continua sendo servidor efetivo do município de Buíque e aonde ou em que
momento de sua vida, veio a despertar esse interesse pela cultura, especialmente
pelo cinema?
R – EM – Sim
continuo sendo servidor do Município de Buíque, mas só vim a despertar para o
lado da cultura no ano de 2012, quando veio para Buíque um projeto incentivado
pela cultura, CINEMA NO INTERIOR, daí a minha opção pela produção cultural na
arte de fazer cinema.
P – MM – Nessa veia de cinegrafista, você já chegou a produzir algum trabalho de
sua própria autoria e já tem outros em mente?
R – EM – Sim.
Já cheguei a produzir alguma animação, documentário e no momento estou
realizando um projeto CURTA NA ESCOLA. Por coincidência, esse projeto está
sendo produzido com o apoio dos poderes públicos de Tupanatinga, Itaíba, Cupira
e Lagoa dos Gatos e, por ironia do destino, o poder público de Buíque, se negou
a colaborar. É aquela velha história de que santo da terra, não obra milagres,
mesmo me dispondo gratuitamente, ainda assim, não quiseram minha colaboração.
P – MM –
Esses trabalhos levantam questões sobre quais temas de importância e de alcance
social?
R – EM - O Projeto Curta na Escola é um projeto de
formação, em que é oferecida oficinas de roteiro de cinematografia e preparação
de atores. Nesse projeto, o aluno tem a oportunidade de criar um filme de
ficção de curta-metragem, em que eles são os protagonistas, sendo eles mesmos,
os primeiros a assistirem as suas obras por eles criadas. É um despertar no
jovem, a vertente cultural para que possa ter um futuro sadio.
P – MM – Por qual razão os outros municípios se propuseram
a colaborar e a nossa terra, Buíque, se negou?
R – EM – Os outros se propuseram a apoiar minha iniciativa,
por ver a questão de projetos culturais, como um bem maior para a formação de
nossa meninada, justamente para atividades que um dia possa lhes garantir uma
vida digna. Nessas cidades apoiaram financeiramente o projeto, enquanto que em
Buíque, me propus a fazer o mesmo, gratuitamente, na Escola Municipal Kleisson
(antiga Recreação Infantil), mesmo assim se negaram a abrir as portas para o
meu projeto, o que acho uma atitude em que nosso município pouca importância
tem dado para as nossas manifestações culturais, além de outras vertentes que
buscam apoio no poder público local e sempre saem de mãos vazias.
P – MM– Você produziu um curta que surge da carne que a gente ingere e foi
chegar até o lugar em que o animal é abatido. Como foi esse seu trabalho e como
está sendo recebido no mundo cinegrafista dos curtas e na sociedade como um
todo?
R – EM – Bem,
na realidade, esse trabalho ainda está na fase de montagem. Mas em conversas
com pessoas do mundo do cinema, tenho recebido muitos elogios pelo meu
trabalho, em que mostro através de minhas lentes, todo o processo do abate até
à comercialização e, posteriormente o cardápio servido à mesa, ou nos botecos.
Já para uma parte das pessoas de Buíque, que não sabe a finalidade dessas
filmagens, chegaram a me criticar, inclusive se intrigando de mim e até ameaças
cheguei a receber, aonde quero aproveitar o espaço para dizer, que não foi a
minha pessoa que denunciou o descaso do Matadouro Público, que já vem desde
governantes anteriores, mas é um problema de saúde pública e de sanitarismo,
que deve ter uma solução para não prejudicar os consumidores, porque não é
possível se comer alimentos da origem animal da forma como são produzidos e
tratados em Buíque.
P – MM – Qual a razão e o motivo desse pessoal ter criticado o seu trabalho?
R – EM – Primeiro
por acharem que eu fui o denunciador dos desmandos para com à saúde pública na
questão sanitária do Matadouro Público e segundo, porque pelo visto, querem
continuar com àquela imundície e o povo de Buíque, o consumidor que se dane,
com as doenças que poderão adquirir consumindo produtos do abate inadequado de
animais para consumo humano. Espero que essas mesmas pessoas que estão me criticando
e que me criticam, sejam homens e mulheres, para reconhecer e elogiar meu
trabalho, quando o filme estiver rodando pelos festivais de cinema de nosso
país e quem sabe, o mundo, isso por que, é um trabalho cinegrafista impactante
para o telespectador que assistir ao filme.
P – MM –
Fora esse trabalho que já está, por sinal, inscrito para participar de um
festival, como se encontra o outro que está em andamento?
R – EM – Tem um curta de desenho animado, que está
publicado no facebook no próprio youtube também está disponível. O curta que já
está inscrito em um festival de curta de São Paulo, em 31 de janeiro, é o GOSTO
DE CARNE, filmado no Matadouro Público de Buíque. Fiz com uma equipe um filme
na Vila do Carneiro e no assentamento Dois Irmãos, estando em fase de montagem
e provavelmente em abril, estará finalizado e disponível para o público.
Trata-se de um curta-metragem em ficção com duração de 18 minutos.
P – MM– Fora da cultura de cinema você tem alguns outros projetos em mente?
R – EM –
Tenho sim. Estou facilitando oficinas de livros artesanais nas cidades de Lagoa
dos Gatos, Cupira e Tupanatinga e, mais uma vez, me dispus a fazer o mesmo
gratuitamente na Escola José Cursino, aqui em Buíque, e não quiseram. Estive lá
duas vezes e ninguém deu o menor sinal de interesse o que nos faz crer, que
nossa terra, procura, pelo menos alguns educadores e outras pessoas, manter
distância regulamentar da cultura, como o diabo foge da cruz. Mesmo assim,
acredito que no mês de junho vou lançar o meu primeiro livro de poesias, que
tem como tema, LEMBRANÇAS, que trata de minha infância e das pessoas que
acompanharam de perto o meu crescimento e à minha infância.
P – MM – Qual será a razão de nossa terra procurar se manter em distância
regulamentar da cultura de seu povo?
R – EM
– Acredito que nossa terra
está distante em tudo, não somente da cultura, mas tudo está aos avessos. Estou
tocando um projeto do tipo CINE-CLUBE em Buíque, vou ver se consigo e já estou
certo que não irei receber o apoio devido, mesmo assim não vou desistir e vou
tocar o meu projeto.
P – MM – Embora
fundada recentemente, mas já existindo legalmente como Pessoa Jurídica de fato
e de direito, o que você acha de nossa Academia Buiquense de Letras e das Artes
– ABLA, da qual você é um dos membros fundadores?
R – EM
– Primeiramente foi uma
ideia genial, onde teremos um norte em Buíque para se discutir cultura, arte e
buscar os meios necessários para o desenvolvimento das mais diversas vertentes
culturais de nossa gente e de nosso povo, que por sinal, é muito rica de
talentos, às vezes até desconhecidos, a nossa terra.
P – MM – Qual o tema desse seu curta de ficção filmado
aqui mesmo em Buíque e qual a mensagem que você procurou transmitir nesse
trabalho?
R – EM – Quem dirigiu esse filme na realidade, foi Alex Soares e
eu fui um dos atores, fui também diretor executivo e para produzir, foi assim
na base dos trancos e barrancos, pedindo uma ajuda aqui mesmo de parte dos
comerciantes e de determinadas pessoas. Contamos também com pessoas do Recife
que vieram especialmente para nos ajudar e os DINOSSAUROS DE LOCA, bem como,
ALCOBAÇA FILMES, bandeiras de nosso trabalho.
P – MM – O povo de Buíque, quando se vai pedir uma ajuda
para iniciativas culturais, costuma ajudar com bons olhos, ou busca torcer o
nariz e franzi à testa?
R – EM – No que diz
respeito a essa produção MENINA FLOR, houve uma grande ajuda de nosso povo.
Pouca gente se negou a ajudar. Do poder público não houve ajuda alguma, apenas
alguns secretários tiveram muito boa vontade de ajudar, mas foram poucos. Assim
fica difícil a gente tocar algum trabalho cultural em nossa própria terra, por
falta de apoio dos poderes públicos.
P – MM – Você tem em mente
algum projeto pessoal de se especializar na arte de cinema?
R – EM – Com
toda certeza. A gente sabe que tem pela frente inúmeras dificuldades. Cursar
uma faculdade de cinema por exemplo, mas quando se tem vontade, tudo é
possível, já participei de oficinas audiovisual nas cidades de Triunfo, Serra
Talhada, Garanhuns, Olinda, Arcoverde, Buíque e Recife. Daí estou me
capacitando como posso e estou amadurecendo os meus projetos cinematográficos.
Ainda vou me tornar num exímio profissional da sétima arte da humanidade. Não
um produtor cinematográfico do tamanho de um Steven Spielberg, mas simplesmente
um Everton Maciel ou “Tomtom”, mas que terei meu trabalho reconhecido, disso
não tenho a menor dúvida.
P – MM – Dentro
dessa inércia cultural em que vive nosso Buíque, que mensagem você teria para o
nosso povo e em especial, para os mais jovens?
R – EM – Como
já citei anteriormente, é correr atrás do que gosta, não desistir na primeira
queda, porque sempre existem pessoas que querem ajudar ao sujeito se levantar e
continuar na sua caminhada. Nem sempre os projetos tem apoio dos poderes
públicos. Praticamente sou um símbolo da resistência na questão de produção de
cinema. Meu primeiro projeto, teve um orçamento de 200 reais, já esse último,
foi de 2,5 mil e pretendo continuar na luta. Não vou desistir de realizar o meu
sonho que é o de fazer um grande filme aqui mesmo em Buíque, com a certeza do
apoio do povo da nossa terra, que com certeza vai valorizar o meu trabalho, na
medida em que deste for tendo conhecimento. Para os jovens alerto, para que
nunca desistam de seus sonhos, que um dia, cada um de vocês, poderá realizar o
que sempre sonhou na vida. Quero deixar também registrado, um forte abraço para
os parceiros de todos os nossos projetos, sem os quais não seria possível
realizar nenhum deles. Em especial deixo meus agradecimentos aos parceiros
Álvaro Severo e Costa Júnior, que estão fazendo o trabalho de edição e produção
do curta Gosto de Carne. A Trilha sonora ficou a cargo dos Dinossauros de Loca.
É um filme impactante e imperdível. Vocês poderão atestar quando o assistir.
E assim minha gente, chegamos ao final de
mais uma entrevista de nossa SÉRIE BLOG DE ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO, em
que nosso entrevistado de hoje, nos surpreendeu com o trabalho que com muito
esforço e garra vem desenvolvendo e o que nos deixa mais orgulhosos ainda, é
que “Tomtom”, como é mais conhecido, nunca teve o valor merecido em sua própria
terra, mas foi sair para outros lugares e conhecer novos horizontes, que
despertou nele esse lado cultural que dantes talvez, existisse dentro dele, mas
com os movimentos culturais nesses outros lugares, Cupira e Lagoa dos Gatos,
onde é muito conhecido, fez com que esse seu lado cultural de cinéfilo, viesse
a acordar e assim, buscar se aprimorar, mesmo enfrentando diversas
dificuldades, a sua verve é de um cidadão que não se deixa levar pelo desânimo
no meio do caminho e por isso mesmo, quer continuar caminhando para se
aprimorar cada vez mais nos desafios que vai ter que enfrentar no mundo mágico
da sétima arte da humanidade. Falou também de seu lado de poeta e de que, no
mês de abril deste ano, pretende lançar seu primeiro livro de poesias que fala
de sua infância vivida aqui mesmo em Buíque. Quero agradecer ao dileto amigo
“Tomtom” por nos ter concedido esta entrevista, que só vem a enriquecer a nossa
terra e nossa gente, por sabermos que tem mais uma pessoa com interesse voltado
para o desenvolvimento de nossa vasta arte e cultura de um modo geral, de nosso
querido Buíque.
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