QUEM REALMENTE SOU

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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

UM PEQUENO CONTO DE UMA REALIDADE OCORRIDA EM 1972, NUMA NOITE DE TERROR EM BUÍQUE, QUE LOGO DEPOIS ME VEIO INSPIRAÇÃO E DESCREVI O QUE HOUVERA ACONTECIDO, LOGO NO INÍCIO E APÓS UMA VENTANIA INESPERADA, ACOMPANHADA DE UMA CHUVA TORRENCIAL, QUE PROVOCOU MUITOS ESTRAGOS NA CIDADE E A TUDO PUDE OBSERVAR DAS PORTAS DO ARIZONA BAR, EM QUE EU E MEU IRMÃO MILTINHO MODESTO, ÉRAMOS OS DONOS. ESSA CRÔNICA FOI PUBLICADA NO MEU LIVRO “MODESTO À PARTE”, EM 1988.

NOITE DE TEMOR EM BUÍQUE
Única foto que consegui encontrar, do fundo do baú de uma de minhas irmãs, do BAR ARIZONA, no centro de Buíque, sendo que, do lado esquerdo, a Miudeza de Seu Sátito, e à direito, o Armarinho Oliveira, de Seu Antonio Mariquita. Em frente um pé de castanhola, na porta do centro, Miltinho encostado do lado esquerdo e, o letreiro foi pintado por mim, que na época tinha o dote de também fazer pinturas, até mesmo paisagens em quadros e no próprio interior do bar, que não cheguei a registrar.


   A tristeza envolvida na noite ampara as casas da cidade, estas, que durante o dia apresentavam um aspecto de menosprezo. E agora que é noite? – Parece até que todos mergulharam num conto de terror e estão inertes. É triste olhar essas ruas com velhas casas de arquitetura rudimentar, onde uma luz em cada poste com brilho ofuscado pela intensa neblina, dá uma aparência tenebrosa.
   Postado a uma das portas do Arizona Bar, olho para um lado e para outro das ruas e nada vejo: nem mesmo uma senhora, nem uma criança, nem uma garota para se paquerar.... – Que horas são? – Vinte e uma horas! – Mas tão cedo ainda e tudo parou: tudo cessou como por encanto! – Não! – Não cessou totalmente, pois estou ouvindo um zunir do vento que mais parece uma devastação total. É um furacão? – Não! – É o vento com sua fúria bravia que involuntariamente veio brigar com a natureza. As árvores da praça Major França balançam para um lado e para outro quase a tombar com o ataque furioso do vento, entretanto, resistem; as casas zombam do vento, que furioso carrega-lhes as telhas. As luzes apagam-se de repente e agora a escuridão é total e envolve toda a cidade com o seu manto negro atemorizante. O zunir do vento é cada vez mais penetrante e meus ouvidos, que em sua velocidade voraz e impiedosa briga com a escuridão infinda.... – Mas após certo tempo a esperzinhar da cidade com sua fúria bravia, prossegue devastador para outras paragens... – Acedem-se as luzes e logo dá-se por conta dos estragos: uma casa lá na praça Vigário João Inácio sem portas, o velho Mercado Público sem telhas, uma árvore caída acolá na Rua Osório Galvão e por aí se vai...
   Ao vento cessar, da porta de um rústico bar, se ouve vulgar um poeta popular, estes belos versos declamar:
Por água
Por Pedra
Pela noite acolhido
Que sombria e atemorizante
Fez-me precaver esta noite tenebrosa...
Ao ouvir o zunir do vento
A fúria surgia sorrateiramente
E a cidade sombria contra ele lutou
E não podendo subjuga-lo
Derrotada ficou
Vencedor e zombeteiro o vento
Em direção Sul, furioso sumiu...
Deixando a cidade
Arquejando de agonia...

NOTA: Essa história é uma descrição de uma realidade de uma das “noites sombrias de Buíque”, de 1972, que logo após esse vendaval com chuvas torrenciais, me veio de repente a inspiração e escrevi esse pequeno conto, que foi publicado no meu primeiro livro, MODESTO À PARTE, pág. 90, cuja edição foi esgotada, publicado em 1988.

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