QUEM REALMENTE SOU

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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

NA MATÉRIA DE HOJE, FAÇO UMA LIGEIRA ILAÇÃO DE COMO OS MEUS PAIS SE CONHECERAM, ADELAIDE ALVES DE BARROS E MILTON MODESTO DE ALBUQUERQUE, ELA, DE BOM CONSELHO E MEU PAI, DE BUÍQUE, QUE PARA NAMORAR TINHA QUE FAZER UMA LONGA VIAGEM MONTADO NUM BURRO, ADENTRANDO BUÍQUE PELO POVOADO DO AMARO E CHEGANDO ATÉ BOM CONSELHO. ERA COISA DE AMOR À PRIMEIRA VISTA MESMO, PARA OS PADRÕES DA ÉPOCA, NA DÉCADA DE QUARENTA.

O NAMORO DOS MEUS PAIS
Minha mãe e Maria José (Nina), por trás da casa e do terreno que ainda é de nossa propriedade, em que hoje é minha residência.


    Uma coisa da qual nunca escrevi, foi sobre como meu pai conheceu minha mãe e de como começaram a namorar. Meu pai, nunca saiu de Buíque, quando jovem e, minha mãe, era natural e morava em Bom Conselho. Minha mãe chegou me contar em algumas ocasiões, que meu pai, não foi montar praça na Polícia Militar no Recife, ainda rapazote, porque tinha que sair de Buíque e ir para à capital pernambucana naquela época. Ser policial naquela época, por volta da década de quarenta, era questão de indicação e, tendo sido por esse procedimento, meu pai viria então, a montar praça para se tornar da PM pernambucana naquela época, mas a questão era a de que, tinha que sair de Buíque e ir passar um tempo no Recife, fato com que, em face da distância, pois naquela época, diante dos rústicos meios de transportes, de estradas não asfaltadas e em péssimas condições de conservação, era um Deus-nos-acuda e, quando chegou a hora de ele partir para à capital, foi um chororô danado de minha avó Aurora Laerte Cavalcanti, de meu avô, Mané Modesto e de meu próprio pai, que também por qualquer coisa se banhava em lágrimas de choro. Sei que finalizando essa história, ele terminou não indo para o Recife, tampouco chegou a ser militar, terminando por se tornar servidor público do Município de Buíque, através de meu avô Mané Modesto. Isso só para dar uma pequena demonstração de como era o meu pai, em termos de sentimentalismo.
       Bem, como ele conheceu minha mãe, até hoje para mim, é um fato envolto por um grande mistério, isso porque, se ele não teve coragem de ir para o Recife montar praça, como é que conheceu minha mãe, ainda jovem mocinha, que morava em Bom Conselho e a uma certa distância de Buíque, mas a questão, é que de uma forma, ou de outra chegou a conhecer minha mãe e o interessante em toda essa história de amor, é o fato inusitado para os padrões de hoje em dia, é de que, ele saia de Buíque até Bom Conselho, para namorar com a minha mãe, depois de todas as formalidades de praxe, porque namorar naquela época, não era nada fácil não senhor, quando a conheceu também, por volta da década de quarenta. A viagem que ele fazia para namorar minha mãe, era feita de burro, saindo daqui de Buíque, não sei bem a que horas, certamente de manhã e se dirigia pelas brenhas do Amaro, para chegar por dentro de Buíque, até o Município de Bom Conselho. Acredito que meu pai deva ter conhecido a minha mãe, em algumas vezes que ela veio para Buíque, visitar alguns familiares dela que já moravam por aqui, o ferreiro tio Zé Bedeu, tio Bedeu, que ainda hoje com seus noventa anos ainda é vivo e, certamente, tio João Bedeu, e pelo que sei, eles eram em treze irmãos, desses, ninguém tem mais notícias, porque muitos ficaram na região de Bom Conselho, entre Lajedo, Garanhuns e outros municípios vizinhos e os demais, foram para São Paulo, Paraná e muitos deles perderam o elo de ligação entre irmãos e demais parentes. Não sei bem, mas pelo visto, um dos únicos que ainda estão vivos, é tio Bedeu, pai de Jorge da água. Sei que namorar naqueles tempos com uma moça de longe, era realmente um sacrifício e somente, acredito, o amor é que fazia uma pessoa sair de Buíque e se dirigir de burro até Bom Conselho, adentrando por dentro de Buíque, passando pelo Povoado do Amaro e chegando até o destino de sua amada, Bom Conselho.
      A história, mesmo não bem contada, acredito, que foi mais ou menos assim. A questão é que se casaram, naquela época, o casamento válido e mais importante, era o da Igreja Católica Apostólica Romana, e vieram morar aqui mesmo em Buíque. Dessa união, minha mãe, segundo ela mesma contava, engravidou por treze vezes, só que, houve muitos abortos, outros nasciam mortos, com até mesmo o risco, da própria parturiente vir a falecer, o que não era novidade naquela época. O fato é que de tantas gravidezes, somente seis sobreviveram, restando vivos no momento, somente cinco desses, pois a minha irmã mais velha, que ficou em São Paulo quando para lá fomos na década de sessenta, por um infortúnio da vida, veio a falecer, fruto de um atropelamento de ônibus na avenida São João, naquela Selva de Pedra. Éramos três homens e três mulheres, o primeiro a nascer foi Miltinho, depois Maria José (a falecida), a terceira, foi Lindinalva, o quarto, fui eu mesmo, a quinta, foi uma outra Maria José Irmã (Nina) e por último, o caçula da família, foi Milvernes Modesto, cujo nome um tanto estranho, foi uma homenagem que meu pai, então eleitor de uma deputado federal chamado de Milvernes Cruz Lima, achou por bem em colocar em homenagem a esse político, o nome de Milvernes, é essa a explicação para esse nome que muitos acham estranho, mas que, teve origem nesse fato. Só sei, que desse romance que surgiu entre duas pessoas que moravam distantes, e namorar ainda era mais difícil, mesmo assim, se casaram, constituíram família, tiveram muitas turbulências durante à convivência, mas de uma coisa que nunca deixaram na vida, apesar das dificuldades, pois a princípio a gente morava no Sítio Cigano, onde vim a nascer assim como uma grande parte dos demais irmãos, nós fomos os sobreviventes do que restou, mas de uma coisa tenho certeza, eles e principalmente a minha mãe, nunca se descuidou de uma coisa, de nos educar e ainda com menos de dez anos, viemos todos morar na cidade para estudar, porque minha mãe queria sempre o melhor para a gente e disso, ela não abria mão de jeito nenhum. Uma das coisas inusitadas, é a de que, por ser de uma família de músicos, minha mãe tocava sanfona de oito baixos. Outra coisa importante e valorativa que nos deixaram para todas as nossas vidas, foi a retidão de caráter, o exemplo de honestidade, de seriedade e de respeito ao próximo, coisas que você sedimenta com os bons exemplos dados pelos seus pais. A eles, minha mais pura e sincera homenagem, de quem, mesmo depois da morte de ambos, nunca os esquece um só minuto. Só tenho, eu e meus irmãos, a agradecer pelos pais que tivemos.

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