ESPAÇO POEMANDO
IDA SEM VOLTA
Quando
Se idealiza
A ida,
Logo se pensa,
Na volta...
Amor e suspiros,
Esperam!?
Ficam
Veem
Saudades.
Da ida
De ira
Sem volta;
Irreversível ida,
Nas crinas
À vil morte,
Como ave de rapina,
Degola.
Errantes,
Pulmões ofegantes
No evasivo tempo
Vagamos...
Rumamos
Ao nada.
Aqui,
Acolá,
Titubeantes:
Cogitamos,
Entremeio,
Entrechoques,
Repressões,
E uma ida
De uma vida
Que extermina
Em fim crucial
Ao jugo descomunal
De ideologias
Que já não são
ideais.
Ao negrume
Dos cubículos,
A escuridão
Devasta...
E mata!
Sorrateiramente
Vidas mil
De errantes vozes,
Que ouvidas
Foram silenciadas.
E nada,
Se faz;
Voltamos
Atrás;
Ficamos
No mesmo
Com medo
De continuar?!...
E assim:
Calados,
Cantando,
Chegamos
Ao amor,
Rutilante
De noite
De luar...
NOTA: Poema escrito em
11.11.1977 com relação à ditadura militar, com a qual nunca concordei, mas de
forma cifrada, em poema, escrevi o meu repúdio, numa época, que mesmo diante do
negrume dos cubículos, a gente tinha que continuar, buscar o brilhar da luz,
apesar de tantos virem a ser calados com à morte, mas um dia o amor tinha que
prevalecer, apesar deles, que não demonstravam a menor piedade para quem se
aventurava a lutar contra a dominação militar. Foi isso em síntese, que quis
demonstrar nesse poema, publicado em meu primeiro livro, MODESTO À PARTE, em
1988, pág. 114.
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