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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

NUM CERTO CARNAVAL, BRINQUEI TODAS ÀS NOITES, COM UM DOCE, TERNO E ESTRANHO AMOR DE MINHA VIDA, QUE VEIO NO FINAL, A ME SURPREENDER.

UM ESTRANHO DOCE AMOR DE CARNAVAL



   Certa feita, num dos muitos carnavais que já me esbaldei à vontade e vivi em minha vida, quase sempre dominado etilicamente pela droga alcoólica, em todas as noites tinha festa no Clube Municipal, uma tradição ainda à época. Depois da brincadeira de rua, a gente ia para o clube e logo no início do primeiro dia, lá pelas tantas, sequer lembranças tenho de como tudo se iniciou, me deparei com uma bela garota, que pelo visto, se encontrava sozinha, com um copo na mãe, ao lado de uma das colunas do clube, certamente esperando ser convidada para pular o carnaval. Primeiramente, mesmo com a visão enviesada pela bebida, fiquei um tanto quanto receoso, mesmo assim, me aproximei dela e com uma gesto educado, a chamei para entrar na brincadeira, a qual esboçou um belo sorriso no rosto, como se fora um anjo caído dos céus e de logo, começamos a pular as marchinhas, os frevos e dançar agarradinhos os sambas-canções. Assim ficamos todas as noites, porque de dia, ela não aparecia. Não procurei saber de seu nome, tampouco de onde ela era, mas se estava inebriado pela anestesia do álcool, pouco importava saber de onde vinha toda àquela beleza pura. Assim, brinquei do sábado à terça-feira de carnaval e só a encontrava às noites, porque durante o dia, não a via, sequer sabia de seu paradeiro, apesar de na festa de rua, buscar através de meu olhar, o encontro do olhar dela, que só vinha mesmo na minha imaginação. Naquela época ainda tinha uma saúde perfeita, um corpo sob medida e achava que podia tudo. Bebia pra valer, fumava à vontade e que se dane o resto do mundo. O que importava mesmo era farrar à vontade, curtir e amar a mais bela das criaturas que já houvera encontrado na vida. Quando chegava ao clube, ela ainda não estava, mas depois das doze horas, assim de repente, lá estava ela que vinha diretamente aos meus braços e eu, já inebriado pela etilidade da vida, não me fazia de rogado, abraçava-a, dava-lhes beijos ofegantes e íamos brincar até por volta das quatro e pouco da matina, quando então, ela pedia para que eu a deixasse na casa dela, que não ficava muito longe.
      Esse carnaval foi o mais feliz de minha vida. Ainda com o vigor da jovialidade, imaginava eu estar vivendo o melhor momento de minha vida. Uma mulher de meus sonhos, linda, formosa, um belo perfume das flores, toda perfeita, rosto meigo e belo, pele branca e fina, cabelos longos e sedosos, meio acastanhados, que mais queria eu, hem? – Estava no Paraíso que pedi a Deus. Nada mais queria com um amor de repente que explodiu dentro de mim, que estranhamente, embora não tinha percebido, só aparecia no clube depois da meia-noite, mas foi o grande amor de minha vida. A rudeza da seca, já não me importava mais, a falta de água, também não, porque estava no meu paraíso em que nada faltava, quando estava naqueles doces momentos junto dela. Era algo inexplicável, mágico, mas era um momento de minha vida, que não gostaria, tampouco, deixaria passar. E assim sem me importar com nada mais na vida, anestesiado pela etilidade do álcool, que mais queria, senão o amor dessa bela, doce e estranha mulher! – Não poderia jamais querer um outro mundo, mas a minha felicidade estava naquele carnaval, que para mim, nunca deveria ter acabado, mas ter se tornado infinito, mas só o foi, enquanto durou, mas que tudo foi um mundo de sonhos do qual não gostaria jamais de ter dele saído.
        Na última noite, num recanto escurinho do clube, ainda fizemos amor pela última vez, na terça-feira, que logo viria à quarta-feira ingrata. Todas às vezes a deixava numa bela casinha, modesta, nas proximidades de um sítio nas bandas da Vila do Carneiro, entrando à esquerda. Queria entrar na casa dela, mas ela sempre se desculpava dizendo, não amor, meus pais estão dormindo a essa hora, e se a gente entrar, vai acordá-los, com o que assentia, fazia no próprio carro, amor mais uma vez e com abraços apertados e beijos ofegantes, voltava alegre pensando em lá voltar na quarta-feira de cinzas, para finalmente, vir a oficializar o meu namoro com àquela mulher que para mim, foi a mais bela e pura deste mundo e era com ela que queria ficar para sempre. Parecia mesmo até que era coisa do outro mundo mesmo. Depois de descansar o dia de quarta de cinzas, por volta da tardinha, me dirigi à casa onde sempre a deixava nos dias de carnaval. Fui recebido por um casal de pessoas ainda de meia idade e de pronto, perguntei pela filha deles, no qual, estupefatos, me responderam com outra pergunta: que filha? – Ora, meus senhores, sua filha, uma que nesses quatro dias de carnaval brincou comigo todas às noites! – Fiquei meio atônito, sem nada entender. Mas meus senhores, minha senhora, meu senhor, eu a deixava aqui na porta de vocês toda madrugada, por volta das cinco horas da manhã, como ela pode ter desaparecido assim misteriosamente, com o que, calmamente, os dois mandassem que eu entrasse no simples e rústico casebre, porém bem cuidado. Entrei, mandaram-me educadamente sentar e foram dentro de um quarto, pegaram um vestido todo de seda, ainda perfumado e logo depois, uma fotografia e indagaram, era essa aqui? – Com o que, assenti afirmativamente, dizendo que era. Foi quando me veio a surpresa, quando eles me contaram a história de uma tragicidade, que houvera acontecido num dos carnavais passados, em que a filha, queria porque queria ir brincar um certo carnaval, sem que os pais tivessem deixado, mas por alguma razão, depois que os pais dormiram, ela sorrateiramente, fugiu de casa e foi para o carnaval. Como não tinha carros para lhes dar uma carona, ela foi caminhando pela estrada, até que já com meio caminho andado, vinha um carro com muita velocidade, ela saindo um pouco do acostamento, deu à mão ao carro e, inexplicavelmente, foi atropelada e morta, por causa de um carnaval que na vida ela também queria viver, mas vindo a falecer ali mesmo, não podendo concretizar o seu sonho e talvez um amor de carnaval. Estupefato, sem acreditar muito na história, mas pude perceber que eles estavam falando a verdade. Foi então que eles me chamaram e disseram, vamos até ali e os mandei entrar em meu carro e fui seguindo a sua orientação e adentramos na pista. Ao chegar num determinado momento, me mostraram uma cruz, do lado direito da pista e disseram, pronto, foi aqui, onde está fincada essa cruz, que a nossa filha foi atropelada e morta, só porque não a deixamos brincar uma noite de carnaval, por isso mesmo, certamente, através de você, ela veio a fazer em morte, o que não pode fazer em vida. Fiquei impressionado com tudo aquilo, mas ainda fico a sonhar com esse amor estranho que jamais será esquecido em toda à minha vida e em todo carnaval sempre me vem à lembrança daquelas doces e ternas lembranças de alegres e amorosas noteis de carnavais que passei em minha vida.

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