O TI-TI-TI DE MADEMOSEILLE BOVARY, DIRETO DA FRANÇA PARA BUÍQUE
Por Mademoiselle Nicodalle Bovary François, direto de Paris
PARA
QUEM NÃO SABIA – Direto de Paris, França, para nossa
surpresa, aqui aportou uma bela jovem parisiense, mais conhecida
nos meios blogueiros europeus como Mademoiselle Bovary, exclusivamente para
conhecer um pouco de nossa cultura carnavalesca das festividades momescas, de
nossa cidade, que por alguma razão que ninguém bem sabe ou conhecimento tem,
veio por acaso, acertando aleatoriamente no mapa daqui de Buíque e sem que
ninguém soubesse, passou os quatro dias de carnaval completamente entocada na
Pousada Santos, segredada por sete chaves, apenas uma ou duas pessoas que
antecipadamente ela procurou saber de seus hábitos e eu, fui uma dessas
escolhidas. Entendo muito pouco de francês, só mesmo algumas palavras soltas
que aprendi ainda no curso ginasial, mas ela falava um português afrancesado,
mas dava para entender muito bem o que ela dizia. Pessoa muita grã-fina, gente
boa mesmo, muito bonita e perfumada, se embelezou com nossa terra e prometeu no
próximo carnaval voltar, para fazer uma análise mais profunda de nosso carnaval
e de nossos costumes, que imaginava ela ser diferente do restante do Brasil.
NÃO SE FEZ DE ROGADA – Mademoiselle Bovary, não
se fez de rogada não senhor. Esteve todo o tempo conosco, mas sem aparecer,
pois queria fazer o seu trabalho completamente no anonimato para não chamar a
atenção de ninguém, muito menos de alguns faroleiros de Buíque, que existem em
todos os lugares, que costumam dizer que até o peido de certas pessoas, é um
verdadeiro perfume de gardênia, legítimo azzaro francês “pour homme”, só para
se encontrar bem agarradinho com o saco do chefete de plantão, feito o piolho
branco conhecido como chato. A belle
jovem francesa, fez o seu trabalho para publicar em seu Blog em Paris, só voltado
para assuntos pitorescos e análises aprofundadas de certos hábitos e costumes,
além de fatos sociais que sempre ocorrem na nata da podridão social, em que ela
não perdoa ninguém e não deixa por menos, além de detestar os fazedores e
disseminadores de mentiras. Fez questão também, de conhecer todos os blogues de
Buíque. Não disse qual deles era melhor, mas olhou para alguns deles, com os
olhos arregalados, nariz torcido, não pelos erros de português que até ela
mesma percebeu, mas pelas mentiras cabeludas que viu divulgarem nesses quatro
dias em que ficou em Buíque e disse-me ela, que vai acompanhar lá de Paris e de
vez em quando, vai se comunicar comigo via internet, pelo celular ou telefone
fixo e me fez um convite inédito de visitar Paris quando quisesse, com o que
fiquei encantado. Quem sabe se nesses dias não tiro umas fotos na Torre Eiffel,
hem? – Bem, só o tempo dirá.
POVO SE DEIXA ENGANAR COM BESTEIRAS – Uma das coisas que Mademoiselle Bovary percebeu, foi o
fato de que o povo daqui deixa se enganar por muitas besteiras, qualquer
tolice. Disse-me ela, num português arrastado, puxando em seu francês, “orra, Manuel Modestius, por que essas
personnes brasilianas daqui, non son mais inteligente parra ver que eston sendo
enganadas, heim! – Com o que, de pronto, respondi, “olha Mademoiselle
Bovary, isso falando pausadamente para ela entender bem, é porque as nossas
condições de subserviência chegou a um poder de mando, que dista ainda da época
de do nosso colonialismo, de Lampião, do coronelismo brabo, que tanto você, que
estudou bem nossa história, deve saber disso, com o que ela questionou
novamente, mas Manuel, “come asim, a
gentele está viviendo em plienio século XXI e non ser mais poissible isso non!”
– É Mademoiselle, mas aqui é Buíque. Na França não tem um Buíque desses, será
que tem? – Você não quer levar esse de presente para você não? – Com o que ela
caiu na risada e eu também. Foi muito interessante esses dias com que passamos
com Mademoiselle Bovary. Ela, apesar de tudo, se encantou. Só não gostou de
tantas mentiras que ouviu por aqui, principalmente de se dizer que aqui se fez
o maior carnaval de todos os tempos. Quer dizer, não que ela tenha obrigação de
saber dos carnavais anteriores, mas segundo ela mesma me falou, antes de vir de
Paris para Buíque, buscou se inteirar de todos os detalhes de nossa terra,
inclusive da política corrupta com a qual convivemos no nosso dia-a-dia. Mas
sabedora de que todo o Brasil é corrupto, não foi nenhuma novidade saber que
aqui também é Brasil, apesar, claro, de ela mesma ter feito uma ressalva, de que
aqui poderia ser uma exceção à regra. Pelo visto, de turista mesmo, só tinha
ela, pois na Pousada Santos, não deu de cara com mais ninguém, mesmo de outro
lugar do nosso próprio país.
CHEGOU A CONHECER O
VELHO MUTUKA – Nesses dias dessa folia meio desencontrada e com
atrações de nomes inventados de última hora, mesmo assim, ainda tive tempo de leva-la
na casa de meu amigo Mutuka, que ficou extremamente encantado com a francesa
Mademoiselle Bovary. Por gostar de um bom vinho e o velho Mutuka que é puxado a
um vinhozinho, não mediu esforços, pegou logo uma de suas garrafas do estoque e
começaram a tomar vinho, isso se não me falha à memória, do sábado à noite até
por volta das três horas da manhã do domingo, tomando vinho e trocando
conversa, e em certo momento, o velho Mutuka já meio embalado pelo estado
etílico, pegou o seu teclado e disse, bem minha querida francesinha, agora vou
tocar um pout-pourri especialmente para você e aí começou com umas músicas lá
dos anos sessenta para setenta e a francesa, também embalada pelo vinho, ficou
encantada e começou e dançar, para nosso deleite. Mutuka foi tão ousado, que
chegou até mesmo a puxar uma música francesa da década de setenta, um ode ao
sensualismo, que fez um grande sucesso, de Jane Birkin et Serge Gainsbourg, Je
T’aime, com o que deixou a francesa sensualíssima com o som daquele toque
sensual que tanto fez sucesso por todo o mundo nos anos dourados. Com a gente
existia mais umas duas ou três pessoas de confiança, para que ninguém soubesse
que a blogueira francesa estava aqui para fazer uma cobertura do nosso carnaval
e fazer um estudo de nossos hábitos e costumes. Mas ela se esbaldou pra valer e
ficou felicíssima por nos conhecer. Foram momentos maravilhosos e inesquecíveis
com a blogueira francesa em Buíque, neste carnaval recente que se passou.
FICOU ENCANTADA COM BUÍQUE – A blogueirinha
francesa, ficou extremamente encantada com Buíque e disse-me que da próxima vez
vem especialmente para conhecer o Parque Arqueológico Vale do Catimbau, com o
que me prontifiquei para lhes dar a máxima assistência possível e comigo levar
o velho Mutuka à tiracolo. Ao ir embora, não ficou com a melhor das imagens de
Buíque, mas mesmo assim, ficou em sua memória que existem por aqui, como em
qualquer lugar do mundo por onde ela já andou, pessoas boas que podem fazer a
diferença em Buíque. Pode ela perceber também, que com poucos francos (moeda
francesa), se pode fazer um grande carnaval em nossa terra, não um arremedo de
festa momesca, mas sim, uma verdadeira festa sem gastar milhões de francos,
porque tanto aqui, como lá na França, também existem os surrupiadores dos
cofres públicos, só que lá, a coisa é bem diferente daqui. Lá se pune os
criminosos públicos, enquanto que aqui, quem se apropria indevidamente do que
não é seu, chega até mesmo a ser premiado, fato para ela, de uma cultura
estranha inculcada na mentalidade de grande parte do povo brasileiro.
QUE SEMPRE SEJA BEM-VINDA – O nosso
conhecimento e convivência nesses dias com Mademoiselle Bovary, apesar de
curtos, foram muito proveitosos para nós que passamos com ela grandes e belos
momentos. Foi realmente enriquecedor a troca de ideias, de amenidades e de
diferenças de cultura. O que ela não gostou mesmo, foi a falta de sinceridade
de parte do povo, da disseminação de muitas mentiras, de se buscar enganar o
povo com coisas fúteis e banais e o pior ainda, segundo ela, é que o povo
buiquense aceita tudo isso de forma passiva, sem nada dizer, omisso, calado,
aceitando até mentiras divulgadas por um canal de televisão que foi pago para
vir aqui fazer uma reportagem, para alardear mentira pelos quadrantes do
Estado, com o que ela ficou indignada. Mas como aqui é Buíque e Brasil, nada
disso é novidade para nós, mas para Mademoiselle, não era, porque seus
costumes, sua crença, sua filosofia de vida, não era como essa da
degenerescência moral como vem sendo a nossa. Até uma próxima vez, minha belle de jour francesinha!
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