TIRADENTES,
BODE EXPIATÓRIO DAS ELITES?
Nasceu filho do português
Domingos da Silva Xavier, proprietário rural, e da portuguesa nascida na
colônia do Brasil, Maria Paula da Encarnação Xavier, tendo sido o quarto dos
nove filhos, Joaquim José da Silva Xavier, que veio a ficar conhecido como
Tiradentes, por que se fosse hoje, ele era alcunhado de arranca-dentes,
protético, “dentista”, ou denominação similar para se referir a quem não tem a
graduação de odontologia que qualifica o profissional dessa área para o regular
exercício da profissão, além de ser inscrito no seu órgão de classe. Na época
de Joaquim Xavier, não existia isso não. Bastava tão-somente habilidade, para
ser o dentista do lugar para mesmo sem anestesia alguma, tratar da dentição das
pessoas e da elite de onde o sujeito vivesse.
A questão de Joaquim Xavier, que mesmo exercendo esse seu
mister sem qualificação para isso, se é que na época existia esse tipo de
coisa, o fez ficar conhecido em São João Del Rei, em Minas Gerais e por isso
mesmo, é que foi incluído num grupo de inconfidentes formado à época pela nata
da elite da sociedade de sua época. Na verdade, era provavelmente o único que
não era graduado, mas os demais, sim, eram de uma estirpe social mais elevada daqueles
tempos, que resolveram se reunir para conspirar contra à coroa portuguesa, com
vista a implantação de uma república, com inspiração na Carta da Virgínia de
1776, nos Estados Unidos, e da Revolução Francesa de 1789. Além de dentista,
Joaquim foi tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que
atuou nos domínios portugueses do continente americano, especialmente nas
capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Dentre os integrantes desse movimento insurreto, se
destacaram os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva Oliveira
Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire
Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Joaquim
Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento), os poetas Cláudio Manuel da Costa,
Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor. Os
objetivos do movimento era justamente estabelecer um governo republicano
independente de Portugal, criar indústrias no país que surgiria, uma
universidade em Vila Rica e fazer de São João Del-Rei, a capital. Seu primeiro
presidente seria, durante três anos, Tomás Antônio Gonzaga, após o qual haveria
eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população
deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar
que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais,
como ocorreu nas áreas colonizadas pela coroa espanhola. Então na verdade o movimento
da Inconfidência Mineira não tinha uma amplitude para libertar o Brasil, a
nível nacional, mas sim, a colônia mineira, como ocorreu noutras colônias, sendo
uma das mais notáveis, a Revolução de Pernambuco de 1.817, tendo sido liderada
por Antonio Carlos de Andrada e Silva e por Frei Caneca Antônio Carlos de
Andrada e Silva e do Frei Caneca.
Esses movimentos libertários, não deixaram de ser
importantes, mas a vingarem, não teríamos o Brasil com toda essa área e
unificação, que temos hoje. Seria uma série de republiquetas esfaceladas e não
seríamos o país com a dimensão que somos. Tiradentes, assim como tantos outros,
tiveram claro, a sua importância histórica nesse processo, embora tenha sido
usado como bode expiatório, porque na hora em que os inconfidentes foram
deletados, a maioria amofinou e, como Joaquim Xavier, o Tiradentes, era o menos
notável do grupo, assumiu toda a culpa, certamente a troco de algum benefício
no futuro, amparado na promessa de alguns dos poderosos que ele mesmo
inocentou, mas o que ganhou como recompensa mesmo, foi o seu enforcamento vil,
cruel e depois, seu corpo despedaçado e espetado em estacas para servir de
exemplo para futuros insurgentes. O que valeu à pena para Tiradentes, é que de
qualquer forma, seu nome ficou na história como uma simbologia da luta pela
libertação do Brasil do jugo dos portugueses, mas que na verdade,
historicamente, ele não passou mesmo foi de um bode-expiratório, como muitos
aparecem na atualidade. Para simbolizar ainda mais a sua imagem, o fizeram
parecer com a imagem de Jesus Cristo, que na verdade também, ninguém sabe como
era, apenas no imaginário popular, alguns acham que ele era o tipo bonito,
cabeludo, com barbas compridas, olhos azuis, quando nada disso existe
comprovação alguma. Ninguém sabe direito da real imagem de Tiradentes, quiçá de
Cristo, que viveu há dois mil anos.
Na verdade, a Inconfidência Mineira, foi um marco histórico muito
importante para a Independência do Brasil, que apesar de suas sequelas, hoje a
gente pode perceber, que se todas as revoltas e insurreições ocorridas Brasil
afora, tivessem logrado êxitos, certamente não teríamos esse imenso país que
tanto amamos, mas sim, uma divisão de colônias portuguesas emancipadas em
países, que certamente não representariam para o mundo, a força que o Brasil
unificado hoje representa. Então apesar do levante de movimentos em várias
partes do Brasil colônia, a condição de país unificado vingou e acredito, que a
história demonstrou que foi muito o melhor caminho para o povo brasileiro, que
apesar de suas diferenças regionais, é um país indivisível e unificado, o que
só vem mesmo a nos fortalecer, faltando apenas, vergonha na cara de muitos políticos
salafrários, para mudar a face do Brasil e honrar nomes como o de Tiradentes,
que foi um dos mártires que lutou porque acreditava em seus princípios, apesar
de ter sido usado no movimento da Inconfidência Mineira, como um mero
bode-expiatório, porque quanto aos demais, pessoas da nata e da elite da época,
receberam à pena capital do enforcamento e do banimento de suas futuras
gerações, fato que também não vingou para Tiradentes, que é reconhecido um
herói nacional, dentre tantos outros. Na verdade, nada pode ser modificado,
mudado de uma forma ou de outra, sem o levante, os movimentos, saídos do
próprio povo, em suas insatisfações contra quem está no poder de mando, impondo
determinadas linhas políticos em favor, em muitos casos, da manutenção de um status quo desumano e selvagem, por isso
mesmo, é que, todas e quaisquer movimentações que venham do povo e tenham um
fundamento de legitimidade na defesa de seus interesses vilipendiados, devem
com toda certeza, lograr o devido êxito para colocar à pique o establishment vigente que tudo pode e
determina em desfavor dos interesses da maioria do povo de determinado país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário