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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

NA VIDA DA GENTE, ENQUANTO NA CAMINHADA, SEMPRE VIVEMOS A FAZER COLEÇÕES DE ALGUMA COISA. MUITAS DELAS IMPORTANTES, OUTRAS SEM IMPORTÂNCIA NENHUMA, MAS UMA COLEÇÃO QUE NÃO PODEMOS TERMINAR DE JEITO NENHUM, SÃO DAS ILUSÕES QUE PASSAMOS EM NOSSAS PRÓPRIAS VIDAS.

COLECIONADOR DE ILUSÕES


   Vivemos num mundo povoado de pessoas que gostam de colecionar alguma lembrancinha de uma viagem ou até mesmo uma alegoria ou indumentária qualquer, quando vai passando por algum lugar, tão-somente para servir de enfeite em sua estante, seu birô de trabalho ou um lugar qualquer de sua moradia ou escritório, ou seja lá em qual lugar você queira colocar o seu objeto de adoração. Na verdade existe adoração ou algo que chama a atenção para uma série de coisas, até mesmo sem valor algum para ninguém, mas é algo inato que chega a chamar a atenção de determinadas pessoas.
     Existem coleções prazerosas, outras nem tanto e outras ainda, que não se prestam para nada na vida da gente. Colecionar belos, exuberantes, simples, raros, caros ou de menor valor, quadros, é outra forma de passatempo de muita gente. Tem também os que gostam de colecionar cavalinhos de pedra de sabão, de ferro, de vidro, as famosas figuras de barro de Mestre Vitalino, ou seja qual for que venha a ser o material. O importante é ser o tipo especial de cavalinho de chumbo da vida de alguém, ou outro tipo de objeto qualquer. Geralmente isso representar uma forma de a gente ir passando à vida, o tempo de forma mais indelével, como que a justificar que vive ocupando o seu tempo, para não dizer que passou pela vida e nada fez, por nada se interessou, ou seja lá a desculpa que se queira dar.
   Também no decurso desta vida, não raro, encontramos os colecionadores de ilusões, de sonhos, alguns passíveis de realizar, outros, jamais. O que podemos no lapso temporal da vida, realizar, nos engrandece em demasia a alma e nos enche de emoção nossos corações, mas daqueles impossíveis, por inatingíveis ou que não chegam mesmo a passar de meros sonhos, destes a gente vai chegando ao fim da vida, frustrados, revoltados, decepcionados por não termos realizado o que certamente, pelo menos o mínimo, pensávamos em realizar. E aí vem àquela história de contentamento, de aceitação de que, é foi feita a vontade de Deus, foi assim que Ele, Todo Poderoso quis, por isso mesmo sendo Ele o ditador das regras, a gente tem que no conformismo chegar ao ponto final da vida, que não ultrapassa da vil morte. Mas Deus ditador, como pode? – É isso mesmo, se for Ele que dita mesmo as regras da vida com o fim precípuo, morte, com toda certeza Ele é o maior ditador da humanidade. Por isso mesmo, da mansidão, da pacificação e da aceitação das coisas que vem da divindade maior, jamais deverão estas ser questionadas, por se tratar de mistério que vem do dogmatismo inquestionável e insondável. Aí chego a indagar, alguém na bocarra da morte, vai feliz? – Alguém já sonhou com a sua própria morte? – Pensar, claro, a gente pensa, mas sonhar com a própria morte, isso ninguém alimenta como se fora uma ilusão, porque na verdade, ela é uma realidade que só se personifica quando seu coração para, seu cérebro deixa de funcionar e seu corpo fica enrijecido para ser enterrado na escuridão infinda, da qual não voltará jamais.
        Por isso mesmo é que sempre tenho buscado levar minha vida, sem muitos sonhos, sem alimentar ilusões. Penso até a essa altura do campeonato em fazer alguma coleção de algum tipo de indumentária a enfeitar à minha residência ou meu escritório. Mas olho para um lado, para outro e não sei bem o que colecionar. De ilusões, colecionei algumas, e destas, uma parte delas foi pesada e traumática, que me deixou marcas, cicatrizes, não indeléveis, mas que dói mesmo pra danar bem no fundo de minh’alma. Existem dias mesmo, que a gente não sabe bem o que fazer. Para ocupá-lo, procuramos fazer viagens ou tentamos fazê-las, divagando imaginariamente no tempo, mesmo assim, nada conseguimos, porque só o vazio está dentro da gente a nos preencher e nada de novo acontece na rotina da vida. Por isso mesmo, nos dá vontade de fazer isso, fazer alguma coisa qualquer que não esteja mais dentro dos padrões, mas pelo tribunal interior a nos censurar, achamos por bem segurar à barra e passar o bastão de mais uma ilusão para à frente, como se esta fosse algo que realmente pudesse a vir de verdade, o que também é uma real ilusão a gente imaginar que poderá em questão de segundos permanecer vivo ou morto, porque o calar da voz da gente, não manda recados, vem de uma paulada só. Quando isto acontece, até que deve ser mais cômodo para quem se vai, mas a vir torturando e fazendo o sujeito sofrer vagarosa e paulatinamente, aí sim, é que deve ser de lascar o cano, então melhor que tudo seja assim de repente, mesmo para acabar de vez a ilusão de viver, porque na verdade também, a vida da gente não passa mesmo de mais uma peça de ilusão de nossa coleção de tantas expectativas no decurso de nosso curto viver.

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