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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

NUMA CERTA CAMPANHA POLÍTICA, CHEGUEI A ME DEPARAR NA ZONA RURAL DE BUÍQUE, COM UMA CENA CHOCANTE COM UMA JOVEM COM O SEU CORPO COBERTO POR UMA CROSTA DE VERRUGAS E ISSO ME DEIXOU IMPRESSIONADO PELA EXTENSÃO DESSE MAL A DOMINAR TODO O CORPO DA MENINA.

A MENINA E AS VERRUGAS


      Certa feita, andando pela zona rural de Buíque, à cabala de votos para minha própria candidatura e de meus candidatos à época, cheguei numa determinada localidade da zona rural, não muito longe da cidade, porém numa localização meio desértica e esquecida e, ao chegar numa casinha de barro, sustentada por toras de estacas, construída com camadas de barro e coberta com palha de coqueiro, vi de perto, que a miséria de fato ali existia. E adentrando dentro da rudimentar casinha, que era uma entre tantas esquecidas pelas políticas públicas da época, como ainda hoje acontece, e aí me deparei com uma cena ainda mais estarrecedora. Uma jovem com menos de vinte anos de idade, acredito, com o corpo dos pés à cabeça, coberto de verrugas e isso, me deixou impressionado até os dias atuais, quando lembro da condição daquela jovem esquecida do mundo e da medicina. Evidente que não tinha cura àquele mal, pelo qual a jovem fora, ainda na flor da idade, acometida. Indaguei sem à presença dela à seus familiares, que pobres e sem ter conhecimento da gravidade daquele fato, o que eles tinham feito, com o que disseram que nada, porque já tinham andado por tudo que era médico e não existia cura diante da dimensão de alcance daquele mal. Todo o corpo da moça estava coberto por uma crosta interminável de verrugas.
       Fiquei realmente deveras perturbado com a situação da jovem. Indagava dentro de mim mesmo: como ela viver numa situação daquelas? – Como casar, procriar, ter uma prole como qualquer pessoa normal, com o seu corpo coberto por verrugas, hem? – Era realmente impressionante a situação da pobre jovem. Ainda cheguei a expor à situação dela a alguns amigos médicos, mas pelo que me disseram, em face do avanço da doença e por se tratar de um vírus multiplicador, a ponto de terminar por matar a pessoa, não vi como vislumbrar uma alternativa de cura para àquela pobre jovem esquecida do mundo. A questão é o fato de que, as verrugas já se encontravam num estágio tão elevado, que não tinha mais jeito algum a ser dado pela medicina, que já se formava amontoada crosta de verrugas, inclusive na parte facial, que já tinha tomado todo o seu rosto. O domínio houvera chegado a tal ponto, que certamente, até os órgãos de necessidades fisiológicas já tinham sido afetados pela quantidade de verrugas que existiam em seu corpo. Era realmente impressionante.
      Ainda hoje me lembro daquela repugnante cena da moça ali num cantinho da casa, de chão de puro barro, um potinho de água de beber em um dos cantos, uma mesinha com algumas poucas cadeiras, e alguns apetrechos de cozinhar dependurados pela extensão do teto do casebre. Era realmente de doer ao se deparar com tanta pobreza, abandono e miséria. Coisa que a gente vê na vida, mas impotente diante de fatores circunstâncias, fica inerte sem muito poder fazer, até por que, sem posses suficientes, influência política praticamente não tinha nenhuma, porque sempre houvera militado na oposição, por isso mesmo, até pelo elevado estágio em que se encontrava à doença, pouca coisa ou nada, podia se fazer em favor daquela pobre jovem, o que me condoia por dentro de minha própria alma. Mas que fazer diante de uma situação em que a gente se sente impotente, hem? – Só elevar às mãos para o Céu, para quem é crédulo, e pedir à Deus, pois não havia outra solução de cura no mundo da ciência para o elevado estágio em que a doença havia dominado o corpo da moiçola.
       Não tive mais notícia dessa moça. Não sei se está ainda vida, ou se já veio à óbito, mas pelas circunstância em que a encontrei, é mais provável que não seja mais uma vivente no mundo dos vivos. Certo tempo depois, nos caminhares de minha ebriedade de vida, cheguei a me deparar, num desses botecos quaisquer da vida, aqui mesmo em Buíque, com um senhor, se não me engano, esse ainda é vivo, e percebi que as suas mãos, seu rosto, seu nariz, era dominado por crostas de verrugas e estava ali, normalmente, como quem nada sofria, tomando umas talagadas sem sequer ligar para à vida, ou sei lá, tomando para esquecer de seu infortúnio por ser detentor de um mal, que da mesma forma que a jovem que algum tempo tinha me deparado, não mais ligava nem para à doença em estado avançado, tampouco para sua vida, por isso mesmo, tinha que esquecer de tudo e viver normalmente como se seu corpo não tivesse a aparência de um monstrengo desses de filmes de ficção científica em que aprecem seres extraterrestres de todas as formas. Era assim que parecia esse senhor que cheguei a ver alguns anos passados.
   É intensamente triste quando a gente se depara com determinadas situações na vida da gente, que não sabemos como se encaminhar do ponto de vista científico da medicina, uma solução. Certamente se o sujeito que é portador de alguma deficiência dessa natureza e ao perceber que a cada dia que passa a coisa vai se agravando e procurar meios de cura em tempo hábil, acredito que poderá haver algum controle, caso contrário, ao deixar pra lá, não ligar para nada, chega a um ponto em que não mais se terá solução alguma no meio do mundo científico e da medicina, porque o mal chega a um estágio tal de gravidade, que não há mais como se conter, se extirpar ou dar uma cura através dos meios científicos, a não uma solução miraculosa, o que dificilmente acontece.
      O que na mente me restou, é o fato de que, essas cenas me chocaram e me deixaram marcas de perplexidade até os dias atuais, e fico a me indagar: será que no estágio de evolução científica em todos os campos a que chegamos, ainda não se conseguir chegar a uma solução para à cura desse mal, quando já em elevado estágio de proliferação? – Pelo visto, apesar de todos os avanços científicos, ainda não se chegou a tanto, a exemplo de muitas doenças degenerativas, apesar de se ter avançado em tantas outras, porém algumas infrutíferas, que não tem quem dê jeito, mesmo que se procure os centros mais avançados de estudos em qualquer parte do mundo, mesmo assim, quando acometido por algum mal que a ciência ainda não tem domínio, não existe salvação e, quando se há uma cura, se atribui a um milagre, que dificilmente se saberá explicar, a não ser, justificar a responsabilizar o poder divino, o mistério insondável que existe neste mundo de tantas coisas que apesar de tantos avanços, pouco sabemos. Só sabemos mesmo, que em suma, de nada sabemos de verdade.

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