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sábado, 16 de maio de 2015

A MATÉRIA DE HOJE RELATA A BRIGA DO MANGANGÁ E O JUMENTO PERITO E A QUEDA EM QUE FIQUEI ESTATALADO NO SOLO POR MAIS DE MEIA HORA.

O MANGANGÁ E O JUMENTO


     Perigo, era o nome de um dos jumentos de meu pai. Era de porte médio, não tão grande, de cor acinzentada e como todos os jumentos, com àquele característico sinal no lombo, que dizem ter sido do mijo de Jesus, quando em sua época montou num desses animais. A questão mesma, era que Perigo, era bom de trabalho e brabo que nem um cachorro doido, quando a gente lhe cutucava para andar mais rápido, ao carregar numa cangalha, apetrecho de se colocar no lombo do animal, com duas caçambas de madeira, uma de cada lado, para o carrego de água em latas de lata de vinte litros cada ou então para tijolos de construção desses de alvenaria dos mais antigos. Nesse trabalho, esse jumento era muito útil, entre os outros que meu pai possuía, Calunga e Retrato, que também eram uns belos jumentos. Meu pai era tão ligado aos jumentos, que parecia conversar com eles e os entender. Parecia coisa mágica, mas era assim mesmo.
    Meu pai nutria um grande amor por esses animais, cuidava muito bem deles, pois ajudava em nosso sustento e também, servia de passatempo para o meu pai no trato deles, como se cuidava de algo especial. Ele tinha adoração por animais. O jumento que ele deu o nome de Perigo, quando criança mais ou menos na casa entre oito para dez anos, era realmente o que oferecia maior perigo real, até mesmo para quem dele se aproximasse, por ser manhoso e arisco demais. Qualquer coisa, até mesmo um zunir em suas orelhas, dava popas danadas, sem querer saber para qual lado e a quem viesse atingir. O bichano era perigoso demais, mas aguentava bem o tranco do trabalho do nosso dia a dia. Era, como o disse o velho Lua Gonzaga, “o jumento nosso irmão”.
   Certa feita, ao montar nele, nas proximidades de um pé de coqueiro desses que brotam cachos enormes de coquinhos, em que estávamos próximos, eu e Perigo, eis que de repente, se não me engano, saiu um mangangá, que era um tipo de inseto pretinho, voava com o esvoaçar das asas com uma velocidade enorme a ao se movimentar verticalmente e com um zunir azucrinante em nossos ouvidos e eis que, assim de repente, parece que entrou em uma das orelhas de Perigo, que não deu outra, danou a pinotar, dar popas infelizes para todos os lados, ora rodopiava, fazia pantim para correr, e o danado do mangangá zunindo dentro de seu ouvido e o ferroando, que era uma dor danada uma ferroada de um mangangá. Só lembro que foi uma parada dura, essa que enfrentei em minha vida. Só sei que nessa conversa, como estava justamente montado em Perigo, nesse descontrole em face do ataque inesperado do mangangá, nesses movimentos desacertados para todos os lados, terminou por me jogar ao chão, que estatalado, fiquei imóvel por volta de meia hora sem fôlego, sem poder me movimentar, não sei se perdi os sentidos, mas depois de certo tempo, Perigo parou de dar piruetas e voltou ao normal, mas dessa queda, nunca na minha vida esqueci, tampouco do mangangá, que embora pequeno, quando ferroava alguém, doía para danar. Era um Deus nos acuda. Pior era que não tinha remédio nenhum para amenizar a dor, também ninguém sabia das consequências da ferroada de um inseto daqueles. Pelo visto no coqueiro próximo onde nos encontrávamos, havia um enxame desses danados, que geralmente eram chegados à seiva dos cachos de coquinhos.
     Esse foi um dos fatos mais marcantes de minha infância. Nunca esqueci por toda minha vida, dos jumentos de meu pai, Calunga, Retrato e Perigo, mas o que mais me marcou mesmo, foi este último, em face da queda que me deixou por mais de meia hora estatalado no chão, praticamente desmaiado e sem poder me levantar enquanto ele brigava sem ter como vencer, a fúria do ataque do mangangá.

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