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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

MAIS UM CONTO MISTERIOSO É PUBLICADO HOJE EM NOSSO BLOG. TRATA-SE DE ALGUÉM QUE IMAGINA ESTAR VIVO, MAS QUANDO VEM A PERCEBER.....

O ESQUIFE


      Num momento qualquer, assim como que a relampejar, fiquei sem noção do tempo. Não sabia se era noite, dia, hora, data, nada disto tinha ciência e discernimento. Foi tudo de repente e por mais que tentasse me inquietar, parecia que não conseguia me mover, andar, sair do lugar ou sequer em que lugar me encontrava. Por mais esforço mental que fizesse não conseguia lembrar-me de nada. Cheguei a indagar a mim mesmo: afinal onde estou? – O que está acontecendo comigo?
   O tempo estava parado ou o tempo passava sem que eu percebesse. Estava completamente preso numa espécie de um limbo, que já houvera assistido em algum filme paranormal. Mas finalmente, o que era normal para mim naquele exato momento? – Não sabia; não sei se sabia de nada. Era tudo escuridão, alternando em claridade, mas a mim me parecia que era tudo normal, entretanto, permanecia inerte, preso, sem movimentos e sem domínio de meu corpo ou de minhas vontades. Não mais sentia vontade. Afinal, o que era tudo aquilo que estava se passando? – Nada compreendia. Tudo estava envolto por uma estranheza aonde buscava respostas, porém não encontrava uma explicação.
   Tentava me movimentar, levantar-me, porém não encontrava forças em meu corpo; meus braços e mãos perderam os movimentos e minhas pernas, não encontravam mais forças para que pudesse ficar ereto e sequer vir a dar um passo. Foi aí que comecei a perceber que algo de muito estranhou houvera acontecido comigo. Será que estava preso em alguma camada entre terra e espaço, entre a imensidão do mar e o Céu, flutuando à esmo, sem rumo, sem direção, perdido não sabia aonde, mas não sabia me localizar geograficamente, tampouco chegara a ordenar minhas ideias, meus pensamentos. Tudo estava nublado, em uma penumbra grossa, quase à beira da escuridão infinda. Sinceramente, imaginava que estava vivinho da silva, só que, não sabia aonde tinha ido parar naquela ocasião.
   O tempo parado, o tempo passando, não sabia o que estava acontecendo de verdade. Foi aí que em determinado momento, meu corpo começou pelos dedões dos pés, a esfriar ardentemente, como se estivesse ido para nas geleiras do Alasca, no Polo Norte e em instantes, não só meus dedões dos pés, mas todo meu corpo congelou de repente, meus dentes se cerraram, não conseguia mais abrir à boca, minhas pálpebras não mais se movimentavam e não conseguia mais balbuciar palavra alguma. O que estava acontecendo comigo, indagava mentalmente? – Mas até mesmo minha mente estava a falhar e já nada mais me respondia. Que mistério seria aquele a me dominar naquele momento, em que de nada tinha noção em minha vida, hem?
     Minhas indagações não encontravam eco em parte alguma. Em determinados momento, imaginei ouvir vozes abafadas vindo de algum lugar. Algumas pessoas chorando, outras se lamentando e outras mais dizendo: “tão jovem e já se foi!” – Outros mais diziam, “é, quando chega o momento, não há quem escape!” – Algumas pessoas ligadas a determinados credos, estavam fazendo recomendações religiosas, entregando à alma a Deus e pedindo livramento dos meus pecados, coisa que não fazia muito o meu tipo. Acho que algo de muito estranho tinha acontecido comigo, porém só eu, prisioneiro onde estava, na escuridão infinda, nada pude perceber, querendo relutar, mas não conseguia reagir de jeito nenhum, por mais que tentasse. Todo esforço era em vão. Foi aí que, ao sentir umas pancadas fortes de areia por cima de mim, com um som um tanto quanto abafado, porém forte, de que na verdade, eu estava dentro de um esquife, sendo naquele exato momento, enterrado e de que estava realmente morto, por isso mesmo, nada mais podia fazer, por mais que implorasse para não me enterrarem, porque não tinha morrido, estava vivo, e buscava dizer, “olhem, vejam, estou aqui”, porém pelo visto, ninguém mais me ouvia, a não ser eu mesmo. Então não mais havia o que fazer e foi aí que cheguei à conclusão, quando o silêncio parou depois de algum tempo, tudo se tornou uma imensa escuridão, tudo parou e percebi que tinha realmente morrido e assim, perdi os sentidos e desapareci para sempre. Não sei para onde fui, só sei que morri, fiquei inerte, o mundo parou para mim, só que, por alguma razão, fui o último a saber de minha própria morte e de que, era prisioneiro de mim mesmo, dentro de um esquife, numa cova sendo enterrado para nunca mais voltar.

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