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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
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terça-feira, 12 de maio de 2015

COM DUAS DATAS DE EMANCIAPAÇÃO POLÍTICA, EM 12 DE MAIO, BUÍQUE ESTÁ COMEMORANDO 161 ANOS E, SE 26, VIRIA A COMEMORAR 111 ANOS DE EMANCIPAÇÃO. AFINAL DE CONTAS, QUAL A VERDADEIRA DATA DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE NOSSO BUÍQUE?

MAIS UM ANIVERSÁRIO DE BUÍQUE


    Não se sabe ao certo na realidade, qual é a data exata do verdadeiro dia simbológico, do aniversário da emancipação política de Buíque. Em uma das gestões do ex-prefeito Arquimedes Valença, foi contratada uma equipe de estudiosos, se não me engano da UFPE, para fazer um levantamento conclusivo sobre a verdadeira data de aniversário de nossa terra, que antes era comemorada no dia 26 de maio, chegando essa equipe à conclusão, não se sabe ao certo por quais meios idôneos, de que Buíque houvera sido emancipado em 12 de maio de 1854, o que o levaria a estar comemorando hoje 161 anos de emancipação política, entretanto, pela data anterior, 26 de maio de 1904, Buíque completaria hoje 111 anos, ficando aí um vácuo histórico inexplicável de 50 anos, que ninguém ao certo ainda chegou a justificar do porquê dessa controvérsia. Cidinaldo Henrique, chegou ainda a escrever um livro tentando desvendar esse mistério, para esclarecer de vez essa controvérsia, mas também, apesar de seus desforços dispendidos, e disso lembro bem, de sua luta para estudar livros da Igreja Católica de Buíque, de nossos cartórios e da Biblioteca Pública do Recife, mas pelo visto, sua luta e interesse foram em vão, por que também não chegou a uma data exata sobre a verdadeira data de nossas elevação de vila para a categoria de município.
     Na verdade, com base em leis imperiais, essa data de 12 de maio de 1854, nos elevou à categoria de Vila Nova de Buíque, e aí ninguém pode dizer ao certo se realmente essa lei régia imperial, tenha tido o condão de emancipar Buíque de vez ou não. Essa é uma questão que ainda gera muitas controvérsias, mas por fim, para acabar com o assunto, se resolveu finalmente se adotar essa data oficialmente, o dia 12 de maio de 1854, como a verdadeira data de emancipação política de nosso município, elevando Buíque de prováveis 111 anos para 161. Controvérsias à parte, mas acredito que essa história ainda precisa ser melhor esclarecida. Entre uma e outra, quero crer, em face de fundação de nossa terra por Félix Paes de Azevedo, donatário do Império que ganhou de mãos beijadas uma grande área de terras, englobando parte de Pesqueira, Arcoverde, Garanhuns, Gameleira, entre outras, mas aqui, em 1752, chegou a doar uma área de mil braças quadradas de terras, a São Félix de Cantalice, para comprar um lugar de sua salvação no Céu, daí ser esse santo o nosso padroeiro.
   Na verdade não estava nem aí para falar sobre a provável emancipação política de Buíque no dia de hoje, mas assim de repente, me veio à mente certas lembranças do passado, e resolvi escrever alguma coisa e no desenvolver de o meu texto, eis que assim como num estalar de dedos, me vieram lembranças de memoráveis festejos de outras emancipações políticas de minha infância, quando estudava as primeiras letras na Escola Duque de Caxias, de uma cidade telúrica, singela, apequenada, rude, mas sempre afável e amável, onde eu tinha o prazer de desfilar nesse dia, o orgulho e ostentação de me encontrar ali perfilado numa fila marchando candenciadamente ao toque de uma banda escolar puxando o desfile e isso, era motivo de orgulho e o que mais atraía tudo isso, era no final, a compensação para deglutir, depois do desfile, um sanduíche não lembro bem de que, com uma gasosa, refrigerante da época, mas que era, não sei se suculento, mas que comia com muito gosto, disso não tinha a menor dúvida. Nos dias de sete de setembro, dia da Independência do Brasil também, da mesma forma tinha orgulho de vestir o fardamento de minha escola e a representar desfilando com orgulho por nossa independência. Se isso fosse hoje, jamais faria, porque não vejo motivo algum para ostentação de orgulho nessa bandalheira política em que nos encontramos, mas sim, seria motivo de vergonha. Mas eu particularmente, gostava de desfilar, de fazer o meu papel de patriotismo gosto e com muito orgulho. Coisa de criança iludida, deveria ser.
     Certa feita, não vou entrar bem à fundo, tampouco citar nomes, mas numa dessas ocasiões, ansioso para desfilar não lembro se na emancipação de nossa cidade ou num dia de sete de setembro e de última hora, surgiu um problemão. Só sei que minha mãe, era quem cuidava de nossas rudes vestimentas, responsável por nossa educação, tinha orgulho dela mesma adquirir o tecido e com uma máquina de costurar à mão ou daquelas antigas de manuseio com os pés, ela tinha o prazer de fazer nossas roupas com suas hábeis mãos, os fardamentos para nos dias de desfile, em que todos nós íamos com a maior alegria e uma sensação de que estávamos fazendo isso por alguma razão muito importante em nossas vidas, coisa que não mais acontece nos dias atuais. Mas voltando à questão do fardamento, num desses desfiles, minha mãe não tinha o dinheiro para adquirir o tecido para fazer nossos fardamentos, cujo tecido era adquirido no Recife, porque nas lojas daqui e de Rio Branco, não tinha para vender ou na capital se adquiria por um preço mais em conta. A pessoa responsável pela escola, costumava comprar o tecido de todas as turmas que era obrigadas a desfilar, mas apesar disso, todos faziam com orgulho e prazer. Nessa ocasião, faltou dinheiro e minha mãe foi pedir a essa pessoa que comprasse o tecido de nossos fardamentos, mas eis que, apesar de proximidade que tinha com a nossa família, veio a se negar, comprou a de todos os demais, menos a nossa, porque minha mãe não havia adquirido o dinheiro. Mesmo assim, como ela sempre foi uma pessoa de nunca desistir de seus filhos, muito menos de nossa educação, fez de tudo, conseguiu dinheiro, adquiriu o tecido e no dia do desfile, estávamos lá, prontos para mais uma vez desfilar, apesar da covardia que essa pessoa chegou fazer com a minha mãe e a questão, é o fato de que, essa pessoa era muito próxima da gente, mesmo assim, nunca esquecemos dessa covardia que veio a fazer conosco nessa questão de adquirir o fardamento de todos os demais alunos, menos o nosso, porque minha mãe só pediu para que ele comprasse o fardamento que depois pagaria sem maiores problemas. Uma das qualidades que minha mãe tinha na vida, era não pedir favor a ninguém, comprar fiado e se por acaso viesse a dever a quem quer que fosse, jamais deixaria de pagar. Era uma pessoa madeira de lei, de um caráter inigualável e uma mulher de fibra. Sem ela, acredito, não seríamos o que somos hoje, apesar de termos aprendido também, muito com o nosso pai, mas minha mãe, foi uma peça chave na formação do caráter, tanto do meu, quanto de meus irmãos.
    Só sei que esse fato, apesar de já me encontrar numa fase de vida um tanto quanto elevada, nunca saiu de minha mente, é como se isso ainda estivesse martelando em minha memória e eu fosse aquele pobre menino que gostava de desfilar com orgulho, tanto no dia de emancipação política de Buíque, quanto no dia de Independência do Brasil, em sete de setembro. Coisas que ficaram de um passado não tanto distante assim, mas que não volta jamais, no entretanto, jamais sairá de minha mente e irá para o túmulo comigo, com toda certeza.

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