UM
BUIQUENSE QUE FOI ABDUZIDO PARA MARTE
Em Buíque, não faz muito
tempo, existia um cidadão, já de meia idade, talvez lá pela casa dos quarenta
anos ou mais, conhecido por José Capistrano, mas apelidado de “Zé Caninha”, porque
apesar de trabalhador e inteligente, quando tinha uma oportunidade qualquer era
para se empaturrar de cachaça até não poder mais. Por essa razão, esse
comportamento não era lá muito bem visto e aceito por seus familiares mais
próximos não senhor! - O que a família talvez não entendesse, é que Zé Caninha, já não
tinha mais controle sobre a sua obsessão pela danada da cachaça, e aí quando
tomava a primeira dose, vinha uma enchente torrencial pela frente. Não tinha
freios e bebia mesmo até ficar encharcado e em muitas ocasiões, chegava mesmo a
dormir em mesa de bar, como bem o disse Reginaldo Rossi numa de suas canções, ou até mesmo vir a
cair no chão, para os cachorros lhes lamberem à boca. Era uma coisa séria! – Não tinha
quem desse jeito nesse vício desgraçado e incontrolável. Na verdade, a coisa
estava mais para uma doença do que praticamente um viciozinho qualquer, embora
poucas pessoas pudessem bem compreender essa situação de um doente dominado pelo vício inveterado.
Foi não foi, Zé Caninha, quando de suas cachaças, que não
escolhia dia nem hora, estava bebendo em um boteco qualquer aqui mesmo na ciade de Buíque, ou
no Alto da Alegria, na Vila São José, na Vila da Cruz de São Benedito, ou na
Vila do Posto, quando às vezes, em algum sítio de um desses amigos papudinhos
que aparecem assim de repente, somente para também tomar todas e se embriagar
até cair no chão. A vida de José Capistrano era realmente de dar dó. Seus
parentes mais próximos, só viviam preocupados com a sua situação. Da profissão
de mestre de obras, quando sóbrio, pegava um bico aqui, outro acolá, arrumava o
dinheiro da cachaça e não tinha jeito. Com dinheiro no bolso, comprava à feira
das crianças e tome entrar no mundo incontrolável da danada da cachaça. A cada
dia que passava, o vício o ia dominando cada vez mais. Não tinha mais controle
sobre a sua vontade, sinal de que estava completamente dominado. Tinha
realmente se deixar dominar pela etilidade da vida.
Muitas vezes pensou até em deixar de vez esse vício, mas em
sua mente sempre vinha a deixa, “de vou tomar a última, depois parar”, ou
então, vou beber somente nessa festa tradicional de Buíque, se é que ainda
existia, mesmo assim, ele fazia a sua própria festa tradicional e tomava todas,
perdia o controle, dormia nas mesas de bar e em algumas ocasiões, chegava mesmo
a cair no chão. O pior de tudo isso, não era dormir em mesa de bar ou cair no
chão. A questão maior em si mesma, era quando da sobriedade, as pesadas
ressacas física e moral, porque o sujeito em elevado estado de embriaguês
desaparece do mundo, não sabe sequer se tem existência própria, tampouco o que
fale e diz para outras pessoas, esta é a realidade de quem bebe como Zé Caninha
bebia.
Numa dessas suas últimas cachaças, num determinado dia da
semana, ele tomou todas que não sabia sequer se o mundo existia. Foi aí que
assim de repente, apareceu um grandioso OVNI na Vila da Cruz, isso beirando por
volta da meia noite, quando dava um largo passo aqui, outro passo acolá, com o
objetivo de vir de volta para à sua casa, mesmo sequer sabendo onde estava, foi
aí que, do nada apareceu uma tal de uma luz incandescente, desceu vagarosamente
ao solo e, ele que estava no mundo da lua, não deu lá muita importância, pois
sequer sabia se existia ou onde realmente estava. Ato contínuo, bem de repente,
do grande disco voador, começaram a sair vários seres verdinhos, desses do tipo
de filmes de ficção de marcianos e eis que, ele começou a se assustar e a
dizer, “saiam daqui, seus homenzinhos verdes danados!” – Que vocês querem
comigo? – Estão querendo me abduzir! – E eis que num estalar de dedos, em
questões de segundos, ele se sente envolto pela incandescente luz verdinha e
apaga de vez, como quem desaparece no tempo, é consumido pelo feixe de luz, como
no apagar de uma estrela cadente e desapareceu no espaço. O tempo para ele apagou.
Tudo escureceu como breu. Perdeu por completo a sua memória.
No outro dia, depois de sua família muito procurá-lo, isso
porque houvera passado da meia-noite do dia anterior, e ele sequer tinha dado
notícias ou chegado em casa, então a solução foi mesma dar uma busca por todas
as vilas de Buíque para ver se o encontravam em algum lugar. Foram na velha
Casa de Saúde, na Delegacia de Polícia, no Posto da PMPE e nada de notícia de
José Capistrano. Por último, foram na Vila da Cruz e chegaram a encontrá-lo na
casa de um conhecido, ainda meio atordoado com o que houvera acontecido e ele
disse que tinha sido abduzido pelos marcianos naquele lugar, que ainda meio
atordoado, a cabeça engrandecida pelas consequências do álcool e ele não parava
de perguntar, cadê os homenzinhos verdes, cadê eles, hem! – Eles querem me
levar para o Planeta Marte! – Eu fui abduzido! – Ainda cheguei a viajar na nave
deles, toda verdinha com luzes internas alternado a intensidade de luz e todas
esverdeadas. Eu fui até o Planeta Marte, como é que estou aqui, hem?
A questão foi a de que, um conhecido ao explicar, disse que
ele estava praticamente perdido, sem rumo e sem saber sequer onde estava, se
mexendo para todos os lados, como que querendo se desgrudar de alguém, dando
braçadas para todos os lados e foi nessa ocasião, que pelo avançado da noite, pegou
pelo seu braço, tentando lhe acalmar, depois o levou para dentro de sua casa e
o colocou para dormir num quarto de seu filhinho que tinha ido fazer uma viagem
com a sua esposa, e foi então que ele veio a adormecer como um nenê e pegou num
profundo sono, só vindo acordar na parte da manhãzinha e, ele, o dono da casa
acordou com os gritos dele, “me tirem daqui, o que vim fazer em Marte!” – Cadê
os homenzinhos verdes que me trouxeram para cá! – Quero ir embora para casa,
caceta! – A questão é que ele em face da embriaguês, imaginou que tivesse sido
abduzido por homenzinhos verdes, alienígenas do Planeta Marte e, ao acordar num
quarto todo verdinho, com os móveis infantis na mesma tonalidade, pensou de
verdade que houvera sido abduzido mesmo pelos marcianos, mas na verdade, tudo
não passou de uma miragem de mais um dia de uma pesada cana na vida de José
Capistrano. Ficou por um tempo traumatizado. A família pensou até que ele com
essa lição de sua imaginação da ebriedade de sua vida, viria por fim a deixar
de beber de vez, mas com o passar do tempo, não deixou por menos, voltou
novamente ao copo, mas vez por outra, quando estava pra lá de Bagdá, sempre se
dizia que estava sendo perseguindo por homens verdinhos que queriam abduzi-lo
para o Planeta Marte. Foi assim mais uma aventura de tantas cachaças na vida de
José Capistrano, que finalmente um dia, achou por bem deixar de tomar todas e
hoje só bebe, e quando muito, um refrigerante, mas essa da história de
marcianos, quando lhes perguntam, ele mesmo só faz rir à toa, mas ainda fica na
dúvida de que um dia os homens verdinhos ainda virão aqui em Buíque para
abduzi-lo de verdade.
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