NOSSA CULTURA E OS PROBLEMAS
ENFRENTADOS
Não poderia deixar de falar
em cultura sempre. Por isso mesmo, mais uma vez, venho tocar no assunto. Cultura
faz parte da vida de cada um nos, está no modo de ser, de agir, de pensar e de comportamento
das pessoas, razão pela qual, se diz que cada povo tem a sua própria identidade
cultural e isso é a mais pura verdade, porque as características de vida, por
exemplo, de um povo, mesmo dentro de um determinado município de uma região,
pode ser diferente de outro segmento que embora vivendo nos mesmos limites
geográficas, tem o seu modo de vida, as suas próprias formas de agir e de
pensar, estando aí, a identidade cultural diversificada de um mesmo povo. A
junção de tudo isso, é que gera justamente vem a ser a identidade cultural de
um povo de uma determinada coletividade como um todo.
Ao olharmos detidamente para Buíque, subliminarmente, a gente
pode perceber que nossa terra é riquíssima em manifestações culturais. Se
formos para a Vila do Catimbau, a gente vai se deparar com uma forma de vida
diversa da de Guanumbi, tendo o diferencial, que na região do Catimbau se tem
fincada, antes mesmo da existência de Buíque, a cultura indígena do povo
Kapinawá, diferente da de São Domingos, que está voltada para os movimentos de
vaqueiros e de vaquejadas. Tem-se também, o samba de coco do povo Quilombola,
que embora não seja ainda reconhecido, mas temos isso aqui mesmo em nossa
terra, e que espero um dia, ver o reconhecimento desse povo e de sua cultura.
Temos muitos artistas artesanais que desenvolvem belas obras artesanais com
maestria, que vem da Vila de Guanumbi à do Catimbau, sem falar nos vários
escritores, poetas, poetisas e cordelistas de primeiro quilate, que temos aqui
em nossa terra. Então em termos de cultura e de sua multiculturalidade, nada
temos a dever a ninguém. Fora as culturas de época, o folclore de manifestações
localizadas, que estão aos poucos destruído, por ação e omissão, a não se
buscar investir e incentivar nessas vertentes culturais, a exemplo dos
zabumbeiros, sanfoneiros de pé de serra de oito baixos, em épocas juninas, que
praticamente não mais existe; dos folclores carnavalescos das cambindas do Alto
da Alegria, do Zé Pereira, que nunca deixou de existir nas festas carnavalescas;
as antes famosas festas de finais de ano no meio da rua, com muita gente
vendendo montes de abacaxis ao adentravam noite à dentro, dos característicos
zabumbeiros na calçada da Igreja Matriz de São Félix de Cantalice. Quer dizer,
acabaram deliberadamente com a cultura de nosso povo e, pelo visto, o que
querem mesmo, é acabar de vez com a nossa cultura de um modo geral, porque não
existe nenhum incentivo para esse importante ramo de atividade de preservação
da identidade de um povo e como meio até de subsistência de muitas famílias,
com a exploração turística, que poder-se-ia vir aqui mesmo em Buíque, a se
tornar o nosso forte polo cultural, já que com a prolongada estiagem não se tem
outra fonte de renda, a não ser as ajudas do governo, que de temporárias, vem
por isso mesmo, a se tornarem permanentes e isso, não era para acontecer dessa
forma, porque o que se deve fazer é ensinar o ser humano a pescar e não, lhes
dar o peixe pronto na boca, embora seja um mera piaba.
Praticamente por toda a minha vida, além da atividade
política, embora nunca tenha ocupado cargo eletivo algum, mesmo assim, minha
preocupação maior sempre foi mesmo com a cultura, com as letras e as artes,
razão maior de minha vida e do meu viver, motivo pelo qual, como já vinha
maturando essa ideia desde longo tempo, foi que me veio assim de repente e,
conversando com Paulo Tarciso, Mutuka, Rilke Vieira, a princípio, propus a
fundação de uma Academia de Letras e das Artes em Buíque, o que foi aceito por
eles e a partir daí, em contato com outras pessoas, formamos um grupo e, no dia
23 de outubro de 2014, em Assembleia Geral na Câmara Municipal de Vereadores,
viemos finalmente a fundar a tão sonhada Academia de Cultura Buiquense e,
finalmente, realizei mais um sonho em minha vida e essa Academia tão sonhada,
já existe de fato e de direito. Claro que há muito por se fazer, mas se houver
vontade e ação, não somente de uma pessoa, mas de um grupo com os mesmos
objetivos, muita coisa pode se fazer.
A questão de fundar não foi assim tão difícil. O que está nos
dificultando, é firmar de vez o projeto cultural e fincar na mentalidade de
nosso povo, de nossa gente, da importância de uma entidade do naipe de uma
Academia voltada para à nossa cultura, não para ser instrumento ao bel prazer
nem meu, tampouco de outras pessoas, mas sim, para servir ao nosso próprio
povo, a nossa gente, no sentido de buscarmos fortalecer as nossas atividades e nosso
potencial cultural adormecido que nos temos e, usando dessa força, virmos até
mesmo a mover moinhos. Esse ainda é o meu maior objetivo, só que, existem
muitos obstáculos a serem vencidos, um deles, entre tantos outros entraves, é o
povo ainda não ter entendido que a entidade é uma instituição sem fins
lucrativos e que a minha missão e de meus companheiros é justamente levar
adiante projetos cultuais que venham a dignificar nosso povo e fortalecer a
nossa cultura. Não estou, tampouco o grupo que comigo está na Academia, com o
fito de vir a obter alguma indevida vantagem ou buscando o estrelismo de jeito
nenhum, mas apenas mostrar que somos um movimento que viemos para ficar e
ajudar no fortalecimento e crescimento de nossa cultura, nada mais que isto.
Mas para que tudo isso aconteça, o que muitos não chegaram a
entender ainda, inclusive alguns dos próprios membros, é que não tendo
finalidade lucrativa, a gente tem que se doar no momento, para que, os nossos
valores venham a usufruir dos louros no futuro e para isso, temos talentos de
sobra, basta que nossos políticos entendam e a própria sociedade, que acredito
ser a parte mais importante, da necessidade do desenvolvimento cultural de um
povo. Só para se ter uma ideia, Tabira, no Setão Pernambucano, é conhecida como
o município que tem mais poetas por metro quadrado no Brasil. Nos também
poderíamos chegar a ser reconhecidos pela cultura riquíssima que temos, pelos
talentos e valores existentes aqui mesmo. Basta que cada um se conscientize e
faça a sua parte. Lançamos em menos de um ano de existência, vários projetos e
planos de ação, como a campanha de doação de um livro, para formação de nossa
biblioteca; o Projeto Cultura na Feira e nos Bairros, que termina no mês de
novembro deste ano; também foi colocada e está em aberto à formação de uma
escolinha de música, formação de uma banda marcial da própria Academia
Cultural, formação de um coral e pretendemos lançar concursos literários, além
de trazemos palestrantes renomados para proferirem palestras em nossa terra,
entre outros projetos voltados para valoração de nossa cultura. Agora só
podemos fazer isso minha gente, inclusive para os próprios membros integrantes
de hoje, com a colaboração de todos. Ficar criticando, numa mesa de bar, ou
sentado numa calçada de uma esquina qualquer, de nada vai adiantar. Só com ação
é que podemos fazer as coisas e levar nossos projetos à frente, pelo bem de
nossa terra, nosso povo, nossa gente e desenvolvimento de nossa cultura e por
amor a Buíque, razão maior de despender grande parte de meu esforço junto com
uma minoria de companheiros, o que é lamentável.
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