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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

NA MATÉRIA DE HOJE, SE FALA SOBRE QUESTÕES CULTURAIS EM NOSSO MUNICÍPIO, A FUNDAÇÃO DA ACADEMIA E O DESCASO COM QUE NOSSA CULTURA VEM SENDO TRATADA, O QUE DEVERIA SER DIFERENTE PARA QUE NOSSO POVO POSSA VIR A MOSTRAR OS VALORES QUE TEM.

NOSSA CULTURA E OS PROBLEMAS ENFRENTADOS


       Não poderia deixar de falar em cultura sempre. Por isso mesmo, mais uma vez, venho tocar no assunto. Cultura faz parte da vida de cada um nos, está no modo de ser, de agir, de pensar e de comportamento das pessoas, razão pela qual, se diz que cada povo tem a sua própria identidade cultural e isso é a mais pura verdade, porque as características de vida, por exemplo, de um povo, mesmo dentro de um determinado município de uma região, pode ser diferente de outro segmento que embora vivendo nos mesmos limites geográficas, tem o seu modo de vida, as suas próprias formas de agir e de pensar, estando aí, a identidade cultural diversificada de um mesmo povo. A junção de tudo isso, é que gera justamente vem a ser a identidade cultural de um povo de uma determinada coletividade como um todo.
     Ao olharmos detidamente para Buíque, subliminarmente, a gente pode perceber que nossa terra é riquíssima em manifestações culturais. Se formos para a Vila do Catimbau, a gente vai se deparar com uma forma de vida diversa da de Guanumbi, tendo o diferencial, que na região do Catimbau se tem fincada, antes mesmo da existência de Buíque, a cultura indígena do povo Kapinawá, diferente da de São Domingos, que está voltada para os movimentos de vaqueiros e de vaquejadas. Tem-se também, o samba de coco do povo Quilombola, que embora não seja ainda reconhecido, mas temos isso aqui mesmo em nossa terra, e que espero um dia, ver o reconhecimento desse povo e de sua cultura. Temos muitos artistas artesanais que desenvolvem belas obras artesanais com maestria, que vem da Vila de Guanumbi à do Catimbau, sem falar nos vários escritores, poetas, poetisas e cordelistas de primeiro quilate, que temos aqui em nossa terra. Então em termos de cultura e de sua multiculturalidade, nada temos a dever a ninguém. Fora as culturas de época, o folclore de manifestações localizadas, que estão aos poucos destruído, por ação e omissão, a não se buscar investir e incentivar nessas vertentes culturais, a exemplo dos zabumbeiros, sanfoneiros de pé de serra de oito baixos, em épocas juninas, que praticamente não mais existe; dos folclores carnavalescos das cambindas do Alto da Alegria, do Zé Pereira, que nunca deixou de existir nas festas carnavalescas; as antes famosas festas de finais de ano no meio da rua, com muita gente vendendo montes de abacaxis ao adentravam noite à dentro, dos característicos zabumbeiros na calçada da Igreja Matriz de São Félix de Cantalice. Quer dizer, acabaram deliberadamente com a cultura de nosso povo e, pelo visto, o que querem mesmo, é acabar de vez com a nossa cultura de um modo geral, porque não existe nenhum incentivo para esse importante ramo de atividade de preservação da identidade de um povo e como meio até de subsistência de muitas famílias, com a exploração turística, que poder-se-ia vir aqui mesmo em Buíque, a se tornar o nosso forte polo cultural, já que com a prolongada estiagem não se tem outra fonte de renda, a não ser as ajudas do governo, que de temporárias, vem por isso mesmo, a se tornarem permanentes e isso, não era para acontecer dessa forma, porque o que se deve fazer é ensinar o ser humano a pescar e não, lhes dar o peixe pronto na boca, embora seja um mera piaba.
    Praticamente por toda a minha vida, além da atividade política, embora nunca tenha ocupado cargo eletivo algum, mesmo assim, minha preocupação maior sempre foi mesmo com a cultura, com as letras e as artes, razão maior de minha vida e do meu viver, motivo pelo qual, como já vinha maturando essa ideia desde longo tempo, foi que me veio assim de repente e, conversando com Paulo Tarciso, Mutuka, Rilke Vieira, a princípio, propus a fundação de uma Academia de Letras e das Artes em Buíque, o que foi aceito por eles e a partir daí, em contato com outras pessoas, formamos um grupo e, no dia 23 de outubro de 2014, em Assembleia Geral na Câmara Municipal de Vereadores, viemos finalmente a fundar a tão sonhada Academia de Cultura Buiquense e, finalmente, realizei mais um sonho em minha vida e essa Academia tão sonhada, já existe de fato e de direito. Claro que há muito por se fazer, mas se houver vontade e ação, não somente de uma pessoa, mas de um grupo com os mesmos objetivos, muita coisa pode se fazer.
    A questão de fundar não foi assim tão difícil. O que está nos dificultando, é firmar de vez o projeto cultural e fincar na mentalidade de nosso povo, de nossa gente, da importância de uma entidade do naipe de uma Academia voltada para à nossa cultura, não para ser instrumento ao bel prazer nem meu, tampouco de outras pessoas, mas sim, para servir ao nosso próprio povo, a nossa gente, no sentido de buscarmos fortalecer as nossas atividades e nosso potencial cultural adormecido que nos temos e, usando dessa força, virmos até mesmo a mover moinhos. Esse ainda é o meu maior objetivo, só que, existem muitos obstáculos a serem vencidos, um deles, entre tantos outros entraves, é o povo ainda não ter entendido que a entidade é uma instituição sem fins lucrativos e que a minha missão e de meus companheiros é justamente levar adiante projetos cultuais que venham a dignificar nosso povo e fortalecer a nossa cultura. Não estou, tampouco o grupo que comigo está na Academia, com o fito de vir a obter alguma indevida vantagem ou buscando o estrelismo de jeito nenhum, mas apenas mostrar que somos um movimento que viemos para ficar e ajudar no fortalecimento e crescimento de nossa cultura, nada mais que isto.
     Mas para que tudo isso aconteça, o que muitos não chegaram a entender ainda, inclusive alguns dos próprios membros, é que não tendo finalidade lucrativa, a gente tem que se doar no momento, para que, os nossos valores venham a usufruir dos louros no futuro e para isso, temos talentos de sobra, basta que nossos políticos entendam e a própria sociedade, que acredito ser a parte mais importante, da necessidade do desenvolvimento cultural de um povo. Só para se ter uma ideia, Tabira, no Setão Pernambucano, é conhecida como o município que tem mais poetas por metro quadrado no Brasil. Nos também poderíamos chegar a ser reconhecidos pela cultura riquíssima que temos, pelos talentos e valores existentes aqui mesmo. Basta que cada um se conscientize e faça a sua parte. Lançamos em menos de um ano de existência, vários projetos e planos de ação, como a campanha de doação de um livro, para formação de nossa biblioteca; o Projeto Cultura na Feira e nos Bairros, que termina no mês de novembro deste ano; também foi colocada e está em aberto à formação de uma escolinha de música, formação de uma banda marcial da própria Academia Cultural, formação de um coral e pretendemos lançar concursos literários, além de trazemos palestrantes renomados para proferirem palestras em nossa terra, entre outros projetos voltados para valoração de nossa cultura. Agora só podemos fazer isso minha gente, inclusive para os próprios membros integrantes de hoje, com a colaboração de todos. Ficar criticando, numa mesa de bar, ou sentado numa calçada de uma esquina qualquer, de nada vai adiantar. Só com ação é que podemos fazer as coisas e levar nossos projetos à frente, pelo bem de nossa terra, nosso povo, nossa gente e desenvolvimento de nossa cultura e por amor a Buíque, razão maior de despender grande parte de meu esforço junto com uma minoria de companheiros, o que é lamentável.



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