Um dos personagens de Chico Anísio, "Vampiro Brasileiro", é o que muitos políticos são na verdade. |
(CONTO)
Ah!, vou ser prefeito de minha terra se Deus quiser, e quando
for, com certeza vou ser diferente de todo mundo! – Não vou roubar o dinheiro
do povo, vai ser minha primeira determinação, também, seguindo os conselhos de
Lula, não vou deixar ninguém que fizer parte de meu governo, roubar, afinal de
contas, tenho que ser diferente dos ladrões que vem se revezando em meu município,
dizia Zé das Xilimbras, que sonhara em ser prefeito de Zuverique, lugarzinho lá
das quebradas de um pequenina cidade do Estado do Piauí.
Quem ouvia Zé das Xilimbras dizer isso em sua roda de amigos
dos quais se dizia fiel, levava na base da farra das inúmeras chachaçadas que
tomava até não mais aguentar. Os outros ficavam até a dele zombar, por achar
que ele jamais viria a ter condições de ser prefeito de nem de esquina de quarteirão,
que dirá de sua própria cidade. Zé, melhor tu procurar uma outra profissão, uma
lavagem de roupa, já que tu nunca fizestes nada na vida, por que logo prefeito,
meu “camarada réi, tu num vai ser não!”. Ele olhava meio tristonho, cabisbaixo,
mas não desistia de seu intento. Vou sim porra! – Por que não! – Tanto Zé ruela
não já foi prefeito dessa porra, por que não posso eu não, hem seu caralho!
E assim nessa pisada, Zé das Xilimbras, como era mais
conhecido, oportunamente, numa determinada ocasião lhes favorável, em face da
emotividade do povo, de sua determinação, de vir de uma família tradicional do
lugar, embora ele fosse uma ovelha negra, mesmo assim, à falta de coisa melhor,
danou o pau a mentir, fazer promessas até de trazer um canal do mar para sua
terra para o povo não ter que ir onde tivesse mar, mas que ele, com certeza
iria trazer um braço do mar para Zurevique. Não tinha conversa não! – Meteu o
pau com essa ideia, mesmo sem dinheiro, mas aqui, acolá, com a ajuda de um, de
outro e até mesmo de um político renomado chegou a ter o apoio, para, depois
pagar roubando do município com juros e correção monetária e eis que, sua
campanha ganhou corpo e ele finalmente, conseguiu concretizar o sonho de ser
prefeito de seu lugar, na base da mentira, da promessa enganosa e
aproveitando-se da emotividade e da falta de opção de sua gente.
Não deu outra. Eleito prefeito, como cego em tiroteio, ao
assumir o cargo, não sabia nem se a letra “o” era quadrada ou redonda e
danou-se a levar a administração de seu lugar empurrando com a barriga, sem
nada saber ou sequer buscar conselhos dos que mais um pouco sabiam para lhes
ajudar. Eleito depois, os velhos “amigos” de antes esquece, novos “amigos”
arrumou e passou a viver nababescamente como um Rei da Babilônia e aí foi que
se engrandeceu mesmo. Lugarzinho pé de chinelo, deixou de frequentar, porque
lugares só boates de luxo, hoteis de cinco estrelas e restaurantes, os mais
caros que existissem na capital de seu estado ou fretando um jatinho para vir
jantar noutra capital Brasil afora. A coisa mudou assim de repente. Do nada, Zé
das Xilimbras, passou a usar carrões, construir e comprar mansões, apartamentos,
fazendas e gado em outros estados, e carrões top de linha, só mesmo para tirar
onda de seu “amado” povo. Até o cachorro da família, botou como empregado na
prefeitura, com o nome de Emplumado da Silva e ninguém da família, ficou de
fora de uma boquinha nos peitinhos da coitada da vaca magra de Zuverique.
Pior é o fato de que, antes de ser prefeito de seu lugarzinho
de merda, sempre se fazia presente nas farras, nas cachaçadas, comendo e
bebendo de arrego dos “amigos”, mas depois, camarada, eleito prefeito, a coisa
mudou, assim como se muda da água para o vinho. Amigos só a horda dos novos que
conseguiu e mancomunado com esses, a ordem era mesmo, fazer algumas besteiras
para tentar enganar o seu povo e saquear o dinheiro que não era dele e que,
como sempre dizia, só iria deixar mesmo era o “combuco” sem uma moeda sequer,
do povo de sua cidade e emendava mais quando de suas novas farras, que “o povo se
lascasse, que fosse tomar no cu”, porque não tava nem aí para esse povo de
merda!
Foi assim a trajetória política de Zé das Xilimbras, agora, o
mais estranho, é que o povo ainda lhes deu mais uma chance de voltar a ser
governado por ele mais uma vez, como se ainda ele fosse a salvação da carniça
que ele mesmo havia transformado o seu povo, numa verdadeira carniça execrável!
– Mas como tudo que sobe desce, pelo visto, seus dias estavam contados, por que
o povo já não mais estava aguentando tanto descaso e desmando com os rumos de
abandono, o estado de calamidade de seu município e o descalabro administrativo
de seu lugar, o estavam colocando mesmo na sarjeta que ele realmente merecia se
encontrar e assim, o que se espera mesmo é que o seu povo crie vergonha na cara
e lhe dê na hora devida, o merecido troco como realmente deve ser. Essa é a
história de Zé das Xilimbras, que do nada se tornou prefeito de sua cidade,
perdeu uma boa oportunidade de ser alguém, mas na verdade, jamais vai passar do
mesmo “Zé das Xilimbras” de antes, sem ter o menor valor, reconhecimento e
consideração de seu próprio povo.
Um comentário:
Dr. O dinheiro público tem um aroma todo especial, que atrai todo tipo de AVE DE RAPINA, em nossa terra tem uns candidatos, que são capazes de ludibriarem até mesmo, sua própria sombra.
"Deus fez o eleitor, meditou:fiz b...! e tratou de fazer o político, logo o político é a essência da mer... do eleitor"
Edilson
São Paulo
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