Não nascemos para semente.
Por isso mesmo, não temos o tempo todo. O que tiver que ser feito na vida de
alguém, ou por bem ou mal, a depender do caminho escolhido por cada pessoa, tem
que ser realizado nesse curto lapso temporal em que nos é delimitado. Às vezes
até, esse tempo, por algum acidente de percurso, pode ser abreviado; noutras
circunstâncias, nem tanto assim, e tem pessoas nessa época do pós-modernismo
atual, que pode chegar a viver até mais de um século, o que ainda pode ser
muito pouco para quem não fez tudo que deveria ou quis na vida. Só sei que
quando alguém vai, não por querer, só vai mesmo na marra, por imposição das
intempéries da vida, mas que tem que partir, disto não se pode ter a menor
dúvida.
Na verdade, da centelha da vida que surge em cada vida, não
propriamente logo no início, mas quando nos damos por gente e vimos a conhecer
o que na verdade é a vida, é que vamos tomando conhecimento de que, nunca
ninguém vai viver eternamente. Acredito mesmo, que nem depois da morte, como
muitos alimentam, existe o fator de continuidade de alguma réstia do que a
gente foi em vida, talvez, quem sabe, o que muitos denominam de mundo
espiritual, o espírito, por que a alma de qualquer pessoa imagina ter ou tem
realmente, só existe mesmo enquanto se tem vida, eis que, após à morte, não sei
de certeza se realmente a gente tem uma alma que se perpetuará na linha do
tempo ou se para nessa mesma linha e aí o tempo não mais tem o seu seguimento
normal para quem deixou de ter uma vida de consciência e passou para um outro
lado de inconsciência da inércia profunda, sem sinais vitais algum, o que se olvidou
denominar de morte.
O alimento da alma que muitos tem durante o tempo de vida,
certamente está incrustado na consciência de que, após esta vida, cada um tem
um espírito que passará para outro plano, uma outra órbita, em forma invisível,
para que venha a se redimir e prestar contas do que fez ou deixou de fazer
enquanto da existência da alma, da vida ativa. Não acredito que seja assim. Na
realidade, imagino que nossa consciência, a sabedoria humana existe, até o
momento em que vida tivermos ativamente, para desenvolver nossas atividades em
quaisquer que sejam os campos de atividades aos quais venhamos a nos dedicar,
porém após fecharmos os olhos de uma vez só de forma irremediável, acredito que
só sobrarão mesmo lembranças para os que ficaram, dos feitos de quem viveu e
deixou algum legado para que possa após a fase da vida, ser lembrado pelo bem
ou mal que fez à humanidade, caso contrário, estará fadado ao esquecimento envolto
no negrume mundo da escuridão.
Até parece que isso está tão-somente no mundo de alguns
poucos privilegiados na face do planeta. Pode ser isso mesmo, por que de muitos
que nada tiveram a deixar como legado histórico, jamais serão lembrados pelo
que fizeram ou deixaram de fazer. O interessante nesta vida, é que existem
pessoas, que num curto lapso temporal vivido, podem fazer o que deveriam ter
feito e realizado por toda uma vida mais prolongada, a exemplo de um gênio da
poesia como Castro Alves, que acometido por um mal incurável de sua época, veio
a falecer com apenas 24 anos de idade e deixou uma vasta obra poética que o faz
vivo até os dias atuais, não propriamente pelo sua inexistência física, mas
sim, pelo legado que deixou para à humanidade e sua obra tem um caráter de
perpetuação pelo que durante tão pouco tempo veio a escrever e externar em suas
colossais poesias. Só citei Castro Alves, como um exemplo, mas quantos não são
os grandes estudiosos e sábios que permanecem vivos até os dias atuais na
memória de muita gente, que influíram e influem em muitas civilizações e
mentes. Jesus Cristo mesmo, talvez venha a ser um dos mais seguidos por grande
parte da humanidade e objeto de adoração e de estudos até os dias atuais. Então
para essas pessoas, que deixaram esse rico legado, a vida pós-morte jamais
deixou de existir. Quanto aos que nada fizeram ou deixaram de fazer, ninguém
sequer ouve falar, porque não restou sequer uma partícula de um espírito aberto
para que se tornasse eterno e vivo na mente dos que ficaram de forma
interminável, a se perpetuar no tempo. Ainda assim, pelo sim, pelo não, o que
há para se acreditar, que mesmo no anonimato, a vida de cada um de nós pode ter
algum sentido, alguma razão para chegarmos a viver, mesmo que não tenha deixado
legado algum e até podemos nos dar ao luxo de indagar: será que o mundo teria
sido o mesmo se um da gente não tivesse nascido ou existe neste mundo? – De uma
forma ou de outra, alguma razão existiu ou existe para que cada um venha ao
mundo, não necessariamente nessa ordem, mas que existe, disso não tenho a menor
dúvida. De uma coisa só tenho uma plena certeza, à medida que o encurtamento da
vida vai chegando, ou vamos nos acovardando com medo do apagar voraz da luz, ou
vamos criando e alimentando dentro de nossa alma, fagulhas de coragem a nos
alimentar de que esta vida nada mais é do que uma mera passagem para um outro
plano, um andar mais acima, que na verdade até os dias atuais, ninguém foi
capaz de explicar absolutamente nada, por mais estudioso que se tenha sido,
seja lá quem for. A única certeza ainda, é a fatalidade da morte, que já
deveríamos estar acostumados a enfrentá-la olho no olho, de frente à frente,
por que esta é irremediável e quando chega, ninguém pode impedi-la, esta é a
verdade e a explicação de vida de cada um de nós e só poderá chegar a esse
encurtamento da vida, quem por esta passou e chegou a vivê-la. Se intensamente
ou não, é uma questão muito peculiar de cada um de nós.
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