Estava meio absorto da
vida, quando menos esperava, assim como um estalar de dedos, de repente, lá me
via eu, sentado num banco de Place de La Concorde (Praça da Concórdia), em
Parias, a segunda maior praça da capital francesa e de uma grande importância
história para o mundo europeu. Não imaginava jamais ir à Paris dos Champs Élysées
(Campos Elísios), mas ali estava eu, encoberto em minha insignificância
nordestina, mas finalmente, sem mais nem menos, me encontrava num dos berços de
grande importância histórica de parte da humanidade do mundo ocidental. O frio
era cortante de rachar e doía até à medula e se rangia os dentes mesmo sem
querer. Encontrava-me bem aconchegante com cachecóis e vestido de um sobretudo escuro
aveludado, de uma grossa lã e com um espesso chapéu de pelo de algum animal do
polo norte, sei lá, só sei que esta todo paramentado para suportar àquele horripilante
frio, que mendigo algum, que a gente via transitar nas vias públicas de Paris,
naquele dia escuro e recoberto por caídas finas chuvas de neblina e no chão,
por grossas camadas de neve.
Houvera chegado a Paris, já no finalzinho
do mês de novembro, época do pico de frio do inverno europeu de um modo geral,
mesmo assim, sem saber direito do domínio da língua, mas como sabia arranhar um
pouco, ainda pude ralar do meu rudimentar francês e cheguei até mesmo a fazer algumas
amizades num barzinho localizado nas proximidades da grande praça. Cheguei
ainda a conhecer umas belas francesas, todas elas bem vestidas, mas sempre impetuosas,
com àquela beleza e sutileza e perfumadas, a ponto da gente sentir de longe o
penetrar congelado em nossas narinas do perfume de mulher suave e dócil, apesar
do frio de doer, mesmo todo aconchegante como me encontrava. Depois de visitar
lugares históricos, fui Tomar umas doses de uísque com um grupo de franceses
que misteriosamente os conheci, juntamente com àquele grupo de mulheres. Embora
os franceses sejam chegados a um bom vinho, mas como nunca fui lá muito
habituado a tomar vinho, engoli mesmo foi umas doses de uísque europeu
envelhecido na base do cowboy mesmo, porque como colocar gelo no que já se
encontrava gelado pela própria natureza, não viria a calhar bem de jeito
nenhum, então o certo mesmo era tomar a bebida à seco mesmo.
Já em horário um tanto avançado, já por
volta de umas dez horas da noite, depois de ter visitado a Torre Eiffel, o Arco
do Triunfo, a Catedral de Notre Dame e o Museu do Louvre, já beirando à noite,
depois de ter tomada umas boas doses de uísque, já meio enamorado de uma bela e
doce francesa, procurei me dirigir ao hotel onde estava hospedado no
Renaissance Paris Vendome Hotel, muito bonito, de arquitetura que lembrava os
idos medievais histórico do mundo europeu, e parti para o meu quarto com a
minha belle de j our que me fazia acompanhar desde o transcorrer do dia. Já no
meu quarto com a francesa que disse-me que se chamava de Angelique, estava em
estado de êxtase, enebriado e estonteado de contetamente, pela beleza e o doce
perfume de mulher que dominava e se espalhava pelo ambiente aconchegante em que
me encontrava. Até cheguei a pensar, será que estou no Céu? - Isso aqui é o
mundo terreno ou o Céu de verdade? – Mas não procurei perder tempo. Comecei a
tomar o meu uísque, que já estava passando do limite suportável pelo organismo
e ela, não largava de uma garrafa de vinho tinto da região Côtes de La Loire,
um dos mais tradicionais e caros vinhos franceses, mesmo assim, não estava nem
aí para o vinho. O que queria mesmo era mergulhar na noitada fria, de corpo e
alma naquela la belle perfume de mulher e amar e fazer o melhor amor do mundo
que já poderia imaginar. Bebemos à vontade, deglutimos alguns petiscos do que
há de melhor da cozinha francesa e depois fizemos o melhor amor que jamais
poderia ser imaginado pelos deuses. Foi realmente o néctar dos deuses, o doce
toque de amor que fiz com Angelique! - Que mulher, que coisa de louco,
imaginava eu! - Será que existe mulher mais pura, doce e bela do que àquela
francesa de pele sedosa, perfumada e cheirosa como nunca se viu, hem? – Estava mesmo
no paraíso, mundo melhor para mim, não poderia querer outro ou existir e isso,
imaginava nunca mais terminar, de que seria para sempre.
Depois de fazermos uma amor puro e
gostoso, lá por volta da madrugada, chegando à manhãzinha, senti no meu rosto,
um toque meio quente e molhado, a roçar as minhas faces, meus lábios e de
repente, depois de toda àquela noitada, percebi que era a minha cachorrinha que
houvera adormecido comigo depois de uma noitada regada à uísque, aí percebi,
olhando para o teto de telhas rústicas, um rudimentar colchão no chão e vim a
perceber que houvera tomada uma daquelas num botequim lá nas proximidades da
feira-livre de Buíque e, depois fui para casa, adormeci, cheguei ainda a sonhar
com esse estonteante sonho de Paris e vim à triste realidade numa ressaca
daquelas e percebi que na verdade, tudo não passara de um belo sonho de noite
de inverno buiquense e de que, nunca houvera na realidade ido à Paris. Minha
Torre Eiffel mesma, foi uma ida que fiz à praça central de Buíque, onde vim
depois a saber, para dar uma bela mijada e minha belle francesa, não passava de
uma rapariga banguela que houvera ficado com ela antes de ir para a casa. Essa
foi uma das tantas noites de viagens que quem bebe além das contas, tendo como
consequência uma grande ressaca e uma deprê de doer até os cabelos da cabeça ou
de vir a se sentir perturbado até mesmo com um pingar de água repetido da
torneira. Por isso mesmo, o melhor que se faz é deixar de beber, para não
sonhar com um mundo que nunca existiu para você, a não ser nos tortuosos sonhos
da vida de um ébrio e perdido nos descaminhos do triste viver e nada melhor do
que sonhar, mesmo na ebriedade dessa nossa caminhada.
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