O assunto é deveras
delicado, mesmo assim, não temo em comentá-lo e para isso, me sinto à vontade,
por que fui batizado na Igreja Católica Apostólica Romana, para não ser marcado
como mais um pagão. Bem, criança que não fosse batizada, pelo que me lembro bem,
naquela fase de inocência, quando morria um recém-nascido e não houvera sido
batizado, o comentário corrente era de que tinha morrido uma criança e de que,
por não haver sido batizada, era pagã, iria para o inferno, como se uma mera
criaturinha que de nada sabia, que nunca houvera cometido pecado algum, na
criação da Igreja, poderia ter cometido alguma coisa errada numa vida que
sequer chegou a viver. Isso era uma das coisas que me deixavam curioso.
Absurdas mesmo!
Ir à Igreja aos domingos ou nas Missões de Frei Damião, só ia
mesmo por que me via na obrigação, em face de minha mãe ser uma católica
praticante devota, mas pelo que me vem à mente, apesar de querer, influenciado
pelos coroinhas de padre, que os achava que estavam acima de mim, pelo
galanteio de serem coroinhas e eu não, ainda ensaiei um período infantil de pura
inocência, que me veio à cabeça, de que queria ser padre. E por um tempo, minha
convicção inocente era tanta, que chegava até a rezar missas diante de “pessoas”,
brincando no sítio onde morávamos, as quais eram sabugos de milho e aí repetia
o verbo, à minha maneira, no que seria o ritual de uma missa. Rezava prezo a um
rosário, tinha medo de almas, de ser pego de surpresa por monstros horrendos e
principalmente dos papas-figos, que na certa era mais uma criação da igreja
para prender ainda mais as suas inocentes ovelhas. Ir à missa com minha mãe,
era um ritual corriqueiro, que a princípio achava agradável, para, num segundo
momento, não suportar ter que esperar por quase duas horas ou mais, infinitas
pregações bíblicas que nada entendia, de um padre que falava sem se cansar lá de
um púlpito da igreja. Achava interessante um representante lá dos céus, ficar
lá em cima, falando de Deus, da vida terrena, dos inúmeros atos pecaminosos, da
morte e do inferno dominado de chamas em brasa, que seria o lugar de morada
eterna de pecadores. Achava tudo isso tenebroso, mas entediante. Observava tudo
aquilo, mas nunca fui de acreditar naquelas palavras, que saídas da boca de um
representante de Deus, tinham que ser obedecidas. Mesmo assim, embora pego de
assalto nas noites mal dormidas por pesadelos, nunca fui de acreditar muito em
tais ensinamentos. Sempre fui mais de questionar!
Cresci, logo cedo aprendi a conhecer os livros, ampliei meus
conhecimentos, passei a me fixar nas ideias marxistas, principalmente a de que
se refere a religião como “o ópio do povo” e nisso passei a acreditar e
principalmente na questão de uma sociedade sem classes, em que todos seriam
iguais uns para os outros. Nem à terra, tampouco ao mar. O homem, suas ideias,
todas elas se podem tirar o supra-sumo para melhor aperfeiçoar o ser humano,
até mesmo do cristianismo moderno, que está mais para a humanização dos povos,
do que para a sua destruição. Por isso mesmo, é que, se tirando um pouco da
essência de várias ideias plantadas filosoficamente na cabeça da humanidade,
cheguei à conclusão possível, pelo menos para mim, de que a gente pode
sobreviver sem religião alguma, bastando para tanto, juntar em nossos ideiais
de vida, a essência do que há de melhor em cada segmento filosófico pregado
pelos grandes sábios da humanidade e até mesmo nos grandes livros religiosos,
menos em coisas que a gente, na condição de ceticistas, não encontra uma
fórmula plausível de se acreditar piamente e seguir com a fé inabalável, que em
muitos casos tem cegado muita gente.
Ao esmiuçarmos a história a gente pode perceber que a Igreja
Católica Apostólica Romana, foi responsável por inúmeras barbáries praticadas
pelos seres humanos, com o fito exclusivo de torná-lo escravo e obediente da
palavra que eles que representavam essa Igreja, diziam ser de Deus e com isso,
em nome Deste, faziam as piores atrocidades que a humanidade pode ter
enfrentado nos fatos históricos que até os momentos atuais ainda não se
apagaram da mancha negra da história. Acho interessante muitos católicos ainda
quererem dar uma de santinho, quando na verdade, não passam mesmo de santos do
pau-oco ou de barro, porque sinceramente, não dá para acreditar em ordenação
religiosa nenhuma, principalmente no mundo atual, aonde nesse meio, se tornou
uma questão escancarada de deskavadi mercantilismo, em que a finalidade de uma
grande maioria absoluta é tão-somente a de ganhar dinheiro à custa de muitas
almas penadas, de muitos tolos que ainda se deixam enganar por palavras e de
escritas que poucos sabem verdadeiramente interpretar literalmente o
significado de cada uma delas.
Acredito que as chagas deixadas pela Igreja Católica, não há
como se apagaram da história, pelo despotismo, as barbáries praticadas, frutos
de uma igreja corrupta, dominadora e que não dava liberdade de opção às demais
pessoas para escolher outras denominações religiosas, porque a única que levava
até Deus, era o catolicismo romano. Não é à toa que o próprio Papa Francisco
vem de público, para dizer que Eva e Adão, na verdade nunca existiram, não
passando de uma criação simbólica da igreja e de que, o fogo do inferno como se
prega, nunca existiu também e não existe essa de Deus excluir e mandar qualquer
ser humano, seja este quem for, para os quintos dos infernos, pelo menos foi
assim que entendi a mensagem de uma chefe de uma igreja que realmente passou a transmitir
uma fórmula diferenciada para se guiar pelos passos da verdade, em que para
pessoas como eu, não existe verdade absoluta, porque neste mundo, tudo é
relativo e na natureza nada se cria, tudo se transforma.
Sempre, e afirmo isso sem nenhum titubeio ou receio do que
estou dizendo, fui um ceticista de carteirinha, em termos de religiosidade;
nunca deixei de questionar, não só a igreja católica, mas as tantas outras que
se disseminam por aí como se foram formigueiros de saúvas prontas e multiplicar
suas ovelhas, para, num segundo momento, lhes tirarem os seus próprios bens
materiais. Reconheço por outro lado, que em todas as religiões, existem algo de
positivo, quando busca tirar pessoas de má índole de determinados caminhos, mas
acreditar piamente no que elas pregam, não dá para crer, apenas tenho uma
convicção própria de mim mesmo, de que tudo isso veio de um Criador. Agora
dizer que Criador é esse, é uma questão que não dá para explicar e jamais terei
uma resposta nem no decurso de minha vida ou após que desta me for para outra
parada, da qual jamais sairei para lugar nenhum. Mas que a vida tem uma razão
de ser, disto não tenho a menor dúvida.
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