Venho vagueando pelas colunas invisíveis das noites, como uma alma penada
que ainda não encontrou o seu verdadeiro lugar pós-morte. Vivo olhando sobre as
sobras e não encontro uma razão plausível que me justifique o porquê desta vida
tão vazia e solitária. Mas na vida da gente é assim mesmo. Uns vivem felizes e
pensam que são felizes mesmos; uns acham que são felizes e vivem num mundo de
sonhos como se fora a mais pura realidade; outros mais realistas, alternam
entre a tristeza e a felicidade, porque vivem numa realidade da qual não podem
mais fugir ou porque desta não podem mais se safarem. Mesmo trôpego, continuo
meu vagar andar.
Nesta vida
vivemos sobre os céus do mundo, embaixo das nuvens ou sobre a neblina
caminhando sobre a terra, como se fora encantá-la ou ficar enebriado em estado
de êxtase, como acontece em vários lugares do mundo. Somos verdadeiros olhares
sobre as sobras deste tristonho e indefinido mundo, que abriga tantas pessoas e
as sua mazelas existenciais.
Existem pessoas que são só sombras e de sombras não
passam, porque não sabem viver senão sobre a sombra dos outros, em face de não
terem brilho próprio e nunca vão chegar a serem estrelas cintilantes. Parece
que é uma praga, ou para os supersticiosos, uma maldição!
Por isso mesmo é
que vivo a olhar sobre às sombras, porque não há translucidez no comportamento
humano, que vive se engalfinhando uns contra os outros numa eterna luta daquele
que pode o mais pode, facilmente engole o menos, para que sejam sempre as
sombras dos mais fortes. É assim a vida, é assim o caminho do mundo, é assim a
sociedade em que vivemos.
Tudo poderia ser
bem diferente, se acaso muitos do povo, deixam de ser simplesmente sombra dos
outros, e passassem a adquirir brilho próprio, mas por comodismo, desligamento
da vida e do tempo, parece que grande maioria não está nem aí para
absolutamente nada e querem continuar como meros escravos, acorrentados como
almas penadas, a dependerem da vontade ou de Deus ou do Diabo para que venham
finalmente, a se libertarem. É assim que se vive no mundo das sombras, que
continua em suas noites intermináveis e com uma escuridão de breus.
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