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quarta-feira, 17 de maio de 2017

O IDOSO E O TEMPO


   Já de compleição flácida, pele de tez branca, com várias rugas nas partes faciais, nariz embolotado, boca de lábios afinados, já avançando um pouco para dentro, como que afundando o queixo já meio caído, tremular na voz ao falar, José de Sabino, já tinha uma vida vivida e, se encontrava na casa de seus mais de 80 anos, e não estava tão forte para suportar o restante de vida que ainda lhe sobrava, mas não dava trégua, sempre acreditara ainda poder fazer de tudo um pouco.
    Homem magro, com uma altura acima da média, porém a idade o estava deixando meio curvo. Andava vagarosamente com uma bengala, com passos mais encurtados, mas fazia questão de dizer que ainda esta ali, firme e forte, de pés rijos. Tinha braços compridos, pernas alongadas e magras, em função de seu físico de um homem não tão magro, mas de peso normal, talvez em torno de 70 quilos, mas para os seus 1,75 m de altura, aparentava ser magro além das contas. Uma de suas características, era o fato de que, quando estava conversando com os amigos mais antigos, tinha uns muxoxos nos ombros, que os seus amigos ficava a observar, principalmente quando falava de política, esbravejava pela situação de como estava o nosso país, mas condescendia, aludindo também, que em seu tempo de meninote, ainda adolescente, quando fazia política estudantil, já se falava em crise, em desemprego e que o Brasil nunca houvera sido diferente. Até de Getúlio Vargas ele falava e dizia que, ele, o grande líder da década de 40/50, houvera se suicidado por uma questão de haver sido acusado injustamente, pelo deputado briguento do Rio de Janeiro, e fazedor de intrigas, Carlos Lacerda, de que ele tinha se apropriado, roubado a Petrobrás em 10 mil contos de réis. Uma fortuna, para a época e que hoje, a coisa não seria diferente. O país era assim mesmo. Nunca deixou de existir crises e culpados apontados, razão pela qual, ele sempre buscava em Vargas, explicar que no seu ponto de vista e pelo que viveu, nada houvera mudado. Na verdade, só os personagens mas astutos da política é que tinham mudado.
   José Sabino, embora um homem que só tinha chegado a cursar o científico (atual ensino fundamental), era de uma inteligência ímpar na sua cidadezinha onde nascera, Itetaiquara, no Rio Grande do Sul, onde morava. Cidadezinha de lá seus mais de cinco mil habitantes, um frio daqueles de quebrar o queixo, nas piores épocas de inverso, mesmo assim, era o seu cordão umbilical e ele não a tirava de sua mente. Tudo girava em torno de sua terra natal. Vivia decepcionado com a política local, afinal de contas, tinha sido prefeito por duas vezes, vereador por três vezes e dizia sempre com uma ponta de tristeza e de orgulho, que nunca tinha se apropriado de absolutamente nada do que ao povo lhes pertencia. Sempre tinha em mente, buscado fazer o bem na sua época, sem olhar a quem. E mais, brandava fortemente nos peitos em que se via as costelas aparecerem na região torácica, que podia se observar através de sua camisa de linho, branca, de que nunca na história de Itetaiquara, tinha havido um prefeito de sua iguala, em termos de honestidade e honradez na aplicação do dinheiro do povo.
     Nos dias atuais, já no final da vida, capengando no andar, como quem começa a andar passando roupa, ainda assim encontrava forças para reagir e lutar contra os atuais políticos, que só queriam mesmo eram enriquecer, fazer de conta que faziam isso ou àquilo, enganando o povo, mas que em tempo, ah!, seu tempo, isso jamais existia, porque ele tinha sido um homem honrado, respeitava a ética e era um político honesto. Embora já naquela fase de vida, em que pouco podia fazer, porque o povo também não lhe dava mais ouvidos, a amargura por ter que ver, presenciar, ter conhecimento de tudo o que acontecia e nada poder fazer, só fazia mesmo era lamentar de tudo  em sua volta, porque aindad e mente sã, tudo sabia, e dizia sempre, essa questão de Lava Jato, não vai passar o Brasil à limpo porra nenhuma, porque isso vem desde a época de Getúlio Vargas, que terminou por se suicidar por ter sido acusado por um roubo que nunca cometeu e hoje via que não existiam muitos inocentes, mas que, alguns poderiam estar sendo acusados pelo rolo compressor do sistema, que sempre fora cruel e insano, o que era ainda mais grave. Conversava um pouco em seu curto andar, de casa para o centro de conversa na pracinha central, onde ficava por cento tempo, depois retornava, onde numa espreguiçadeira na varanda de sua casa ainda nos moldes antigos, ia dar uns cochilos, descansar um pouco, até que viesse o último suspiro. A vida de idoso desse idoso, a exemplo da de muitos, se resumia a isso, nada mais que isso...

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