QUEM REALMENTE SOU

Minha foto
BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sábado, 24 de junho de 2017

NO MEU TEMPO DE SÃO JOÃO


   Nos meus tempos de criança, adorava essa época de festa de São João, São Pedro e até de Santo Antônio. Minha mãe, fazia a fogueira em homenagem a todos esses santos. Não propriamente com o propósito de festanças, mas sim, pela devoção do credo religioso católico do qual ela era fervorosa praticante. No meu pouco entendimento de mundo e de vida, não ligava muito para essa questão de religiosidade, mas sim, para deglutir as guloseimas que ela fazia, a exemplo de canjica, pamonha, umbuzada, bolos de mandioca, de milho e outras iguarias próprias da época, para se deglutir ao derredor da fogueira, além, claro, do milho assado na hora. Era tudo maravilhoso em nossa simplicidade de vida, mas era resumido a isso o meu São João.
    Já em idade mais adulta, depois que voltei de São Paulo, porque lá não é igual aqui em Buíque, mas fazem um tal de um quentão, entre outras coisas, mas não tem o nosso gosto nordestino de verdade e fica tudo insosso e sem o menor sentido. São João bom, é o nosso mesmo, principalmente o de minha juventude, onde sempre gostei nos lugares onde morei, como Pesqueira, Arcoverde, Recife e por último, depois de ter nascido e vivido parte de minha infância, Buíque, onde fiquei em definitivo, ainda solteiro, o que gostava mesmo era entrar na farra para valer. Gostava de tomar umas e outras com os camaradas e farrar pra valer. Aí sim, era o meu São João de verdade. Senão me engano, eram praticamente umas nove noites, com parque de diversões, barracas no centro da cidade e festas no Mercado Público e, depois de certo tempo, no Clube Municipal.
    Era o meu São João de verdade que hoje já não existe mais com àquele saber junino de verdade. Não somente aqui em Buíque, mas em qualquer parte do nordeste, pelo menos na maioria das cidades. Algumas fazem os seus maga-são joões, a exemplo de Caruaru e Campina Grande, mas aí é coisa para turista ver, para se movimentar a economia e não com o verdadeiro espírito da autêntica festa junina, mas nesses polos, mesmo comerciais, ainda se preserva pelo menos um pouco daquelas músicas tradicionais juninas, de alguma cultura do verdadeiro São João.
  Na verdade, tudo na vida mudou. O São João também. Tudo evoluiu de acordo com os tempos e os gostos que a sociedade consumista vai colocando em prática. O São João de Buíque hoje se resume ao São Pedro, assim mesmo, a característica musical não tem nada de nordestina, mas são sinais dos tempos e e, infelizmente, é disso que a moçada gosta e nos temos que de certa forma, nos curvar à vontade deles, se bem que, uma parte deveria ter também a cara da gente que ainda não fomos para o outro lado da vida e ainda estamos vivinhos da silva, e bem que poderíamos ter um pouco do sabor daquilo que no passado um dia vivemos. Manter viva a cultura daquilo que se viveu, tem que fazer parte da vida, da história, senão como é que nossos pósteros irão saber como foi a vida dos antepassados de cada um?

Nenhum comentário: