Depois de longo e tenebroso tempo sem
chuva, sem terra molhada, sem frio, sem esperança, eis que este ano finalmente,
tudo mudou assim de repente. Realmente a natureza nos faz coisas inesperadas,
ou até mesmo previsíveis pelos estudiosos do tempo, mas não estão no comando de
nada para dizer até que ponto a extensão de tudo isso pode chegar a atingir a
materialidade das coisas e da gente.
Fazia, sei lá, dez anos, quem sabe, que
não sentia em Buíque, a sensibilidade da frieza que se está sentindo no
momento. É frio igual ao que na década de 60 para 70, vim a sentir, quando na
vida penei, lá nos infernos dos quengos do Estado de São Paulo. Era um frio de
lascar o cano e, vivendo na simplicidade e pobreza, como ter agasalho
suficiente para me aconchegar daquele frio apropriado tão-somente para pinguim,
hein! – Realmente estou sentindo um frio em nossa terra, que não via isso há
cerca de uma década. É isso mesmo! – Uns dez anos que não tinha sentido um frio
desses!
Antes, há alguns anos passados, minha
casa não era estocada, não tinha forro no teto, como a maioria das casas de
Buíque, aí sim, o frio fino e penetrante com a ventania a penetrar pelas
frechas das telhas, aí é que era de lascar mesmo! – Não tinha quem aguentasse.
Depois de forrado o teto da casa, nunca mais havia sentido frio algum, porém
neste atual período de frieza, a coisa está sendo diferente, porque nem mesmo o
forro está dando conta da penetração da frieza cortante no organismo humano.
Pois bem, ainda bem que depois de
tantos anos de seca braba, Buíque está todo molhado. Os açudes, riachos, rios
secos, barreiros, estão todos eles cheios e tansbordando. Riqueza da natureza,
quer coisa melhor? – Então nada de reclamar do frio, porque só benefícios está
trazendo para nossa gente e nosso povo. Talvez assim quem sabe, pelo menos por
um certo período, produtos produzidos na mãe-terra, venha a ficarem barateados,
isso se os especuladores deixarem, porque senão, vai ficar tudo como era antes.
Tudo ainda está aos olhos da cara, mas haverá de se acreditar, que com o
aumento da produtividade no campo, a tendência do que nele é produzido, é
justamente baratear, porque tudo ainda continua numa carestia das alturas e a
gente precisa ter coisas com preços mais cômodos e com acesso para toda nossa
população, é isso que a riqueza das chuvas traz para o nosso tão escorraçado
nordeste e nosso querido Buíque.
Então gente, vamos dar um viva à vida,
ao frio e à chuva, porque tudo isso é riqueza da própria natureza e isso, não
tem quem roube ou tire do povo, porque da fartura ninguém pode indevidamente se
apropriar.
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