Ora, a ninguém é dado o direito de
arvorar-se como o dono da verdade inconteste ou o de ser a palmatória do mundo.
Quem assim pensou, agiu e imaginou, terminou sempre por quebrar a cara, porque
a ninguém é dado o direito de dizer que é o dono da verdade, porque esta é
relativa. O que pode ser tido como verdadeiro em determinado momento ou em
algum ponto histórico da linha do tempo, noutro momento qualquer, poderá não
mais vir a ser tido como verdadeiro. Tem-se muitos exemplos na história,
sobretudo, quando se trata do dogmatismo religioso e da própria história da
humanidade, que nem sempre é contata realisticamente como de fato aconteceu em
cada ponto da história. Toda a humanidade, só chegou a passar historicamente, o
que lhe era conveniente a quem estivesse no poder de mando do absolutismo ou da
religiosidade, que defendesse um deus de um jeito ou de outro.
Agora, o que tenho a dizer, é que posso
perfeitamente ter em mente, as minhas próprias convicções, as minhas próprias
verdades e disso, não dou o direito a ninguém, de tentar ou querer mudar o que
durante toda minha vida, na minha formação moral e intelectual, se sedimentou
como cimento de minha alma, e isso, se pode até discutir, mas mudar a forma, a
maneira de ver as coisas e de interpretar o mundo, a essa altura do campeonato,
é muito difícil, porque não acredito senão, naquilo que foi sedimentado ao
ínfimo de tempo de minha vida, durante esse lapso temporal, dentro de mim, de
minha alma, que no meu entender, esta só existe, enquanto meu corpo tiver
existência, e não quando se tornar um amontoado putrefato que ao passar do
tempo voltará a ser o pó do qual eu e todos nós viemos. Então mudar o quê, a
essa altura do campeonato!
Não tenho nada do que mudar. Mudar é
para os que estão em pleno estágio de desenvolvimento, de autoafirmação de seu
desenvolvimento mental, intelectual e moral, pois a moral está em como você
objetivamente observa o mundo exterior e traz para dentro de si, o seu próprio
conceito de como algo ou um determinado princípio filosófico de viver, lhe é
colocado. De como se vai interpretar tudo isso que vai fazer parte da
sedimentação firmatória de todo e qualquer ser humano.
Pode-se até ser o produto de tudo que
está aí em nossa frente, mas eu mesmo, sigo a minha própria linha daquilo que
aprendi como certo ou errado e não dou o direito a ninguém, de censurar,
repreender, vir a me corrigir, nesse ápice negativo de vida em que me encontro,
de passar a reescrever minha própria história, o que aprendi como certo ou
errado e passar a pensar, agir e imaginar tudo de forma diferente. Isso não vai
jamais acontecer em minha vida, porque tudo já está encalacrado em minha
formação de vida, em minha alma, que vai, certamente, morrer junto comigo.
Quanto ao espírito, este poderá ficar, se de alguma forma, vir a ser lembrado
por alguém de meus familiares ou os tantos pseudos-amigos que dizem me
conhecer. Sei que não posso mudar o mundo. Aliás, nunca pude, apesar de ter
feito alguma coisa nesse sentido, mas acredito que, se eu não tivesse vindo a
estas plagas, certamente, o mundo não teria sido o mesmo, porque eu mesmo, só
pode ser eu mesmo, e nada seria diferente e não é agora, que Manoel Modesto,
filho de Milton Modesto e Neto de Manoel Modesto, pai de uma filharada e avó de
uma netada, vai mudar a sua maneira de ver o mundo. Isto, camaradas, jamais vai
acontecer, mesmo se acaso chegar a arquejar como um desprezível ser humano num
leito de morte qualquer, jogado à sua própria sorte da morte certeira, ou se
acaso morrer de repente, nada disso mudará. A minha visão de mundo não mais
mudará, porque é esta a razão de ainda relutar e de viver essa porra de resto
de vida que ainda me resta, isto, se daqui para ali, não vier a sucumbir de vir
a ser acometido por uma parada cardíaca real e imediata, um aneurisma cerebral,
ser atropelado por um veículo ou de um acidente qualquer que somos passíveis de
nos deparar neste mundo violento e cruel em que vivemos nos dias de hoje. Então
nada há a ser mudado, tampouco, me arvoro como a palmatória do mundo. Não sou o
dono da verdade, apenas das minhas, a qual a ninguém é dado o direito de
tirá-la, usurpá-la, porque ela está dentro do meu ser ontológico e este,
ninguém poderá tirar de mim de forma alguma.
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