Por mais que Amerício quisesse, a vida
não foi lá muito boa para ele. Isso é coisa desde tenra idade. Não teve jeito.
Pelo visto ele não houvera encontrado a paz, a felicidade, o amor, todos esses
predicados substantivos que são extremamente importantes para se viver em paz. Até parece
que o mundo dele sempre foi conturbado. Nada foi fácil em sua vida. Nem mesmo
no amor, ele acertou. Teve família, mas parecia que não ligavam muito para ele,
por isso mesmo, ele buscava alento noutros caminhos que ao invés de lhes fazer
o bem, só fazia mesmo o mal e trazer dor e sofrimento. Afogava as mágoas em drogas lícitas que lhe tirava
do sério. Não gostava de ficar desse jeito, mas em certas circunstâncias, não
encontrava outra saída, se bem que, se ele tivesse um pouco de vontade, poderia
muito bem sair desse caminho e de algumas más companhias. Aliás, nem companhia
ou amizades de verdade ele tinha na vida. Por isso mesmo, de sua amargura de
vida. Na verdade só tem amigo, quando algo em troca se tem para dar. Sempre existe um quê de interesse nas relações humanos, sejam afetivas ou de qualquer forma que se possa imaginar.
Mas do que nunca ele queria sair dessa
vida, afinal de contas, o grande prejudicado era ele mesmo. Pessoa fina, de bom
trato, requintada. Então por qual razão enveredar, não corriqueiramente, num
caminho que não era o dele, hein!? - A muito custo, em sua Maceió onde nasceu, fez o curso de medicina. Era um bom profissional, mas no exercício da profissão, até parecia que sentia a dor dos seus pacientes, como se fora nele mesmo, porque achava o mundo muito injusto e cruel.
Amerício, redesenhava sua vida. Já não
tinha mais muito tempo para consertar tudo, mas pelo menos fazer alguns
rabiscos para, quem sabe, ficar para a posteridade, bem que poderia ainda
fazer. Acreditava que ainda existia algum tempo. Talvez não o suficiente para
fazer alguma grande obra, isso porque, a saúde não lhe ajudava muito, mas
queria deixar um grande legado para que os seus familiares um dia, ainda
viessem a se orgulhar dele.
Não era uma pessoa má. Aliás, a maldade
não estava na sua índole de ser humano, porque sempre buscou fazer o bem sem
olhar a quem. O mal que talvez fizesse, era somente para si mesmo, mas com
certeza, ele iria buscar curar essa ferida maligna que só fazia mesmo era lhe
atormentar. Vivia num lugarzinho miserável lá pelas bandas do Acre. Estava
acostumado. Houvera saído de Alagoas, Maceió, onde nascera e tinha cismado de
uma ora para outra e partido para um lugarzinho perdido no Acre, perto de
Macapá, tendo ido morar em Santana, um cidade que jamais houvera falar, mesmo assim, simpatizou com o nome e foi parar naquele mundinho distante e miserável. Tinha feito medicina em Maceió e queira ganhar o mundo. Não era mais
jovem e por isso mesmo, acreditou que indo para uma cidadezinha la nas “cucuias”
dos Judas, pudesse ajudar alguém. Mas sua vida, passou por poucas e boas, mas
tinha certeza que iria chegar um dia em que ele não mais iria ser, mesmo que
eventualmente, dependente de qualquer malefício da vida. Quando a conseguir uma
pessoa para viver, àquela altura do campeonato, com mais de cinquenta anos de
idade, tanto fazia. Talvez sair com uma ou com outra, fosse mais cômodo do que
conseguir mais uma dor de cabeça na vida e isso, não queria mais problemas do
que já carregava consigo. Era a vida de calmaria que buscava. Talvez um de seus
filhos, para sua alegria, um dia buscasse-o para lhes fazer companhia, era isso
o que mais desejava.
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