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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

MEDO DO AMOR E DA MORTE


        A essa altura do campeonato, a gente não era maias para ter medo de nada, mas na realidade objetiva da vida, pelo visto, se tem medo de quase tudo, sobretudo, quando se passou por uma série de coisas no interstício temporal em que se viveu. Mesmo assim, para que ter mede de alguma coisa, de se aventurar, se pouco ou quase nada há para se esperar, hein!
        O tempo, como num estalar de dedos, se foi. Tudo parece que foi ontem. As paqueras, os olhares avassaladores de paixão, de conquistas, a pétala da flor do amor e tudo isso, como que de repente, se esvaiu no zunir do vento, como num passe de mágica e pelo visto, nada restou, a não ser, a infância, parte da jovialidade e alguns poucos bons momentos que ficaram no coração e no interior da gente. Que vida monótona, sem sal, sem gosto, sem tato, é essa que se vive num terceiro momento! – Não que não se queira, mas para viver algo, se tem que voltar à criança que se foi um dia, senão, nada mais restou, a não ser, marcas decrépitas impostas pelo tempo, e tudo se foi assim como que de repente.
        Costuma-se dizer, talvez como um prêmio de consolação, que a terceira idade é a melhor que se pode ter neste curto lapso temporal de vida. Sinceramente, não há como concordar, porque não dá para aceitar passivamente que com rugas marcantes, corpo dolente por dores por todas as partes, doenças intrigantes que aparecem com o peso da idade, então que há se falar em melhor momento de vida, hein!? – Se isso for melhor momento, o interessante era ser criança ou adolescente para sempre. Não envelhecer, os cabelos esbranquecer, as pelancas aparecerem e uma série de coisas, de fatos, próprios da velhice, que nada disso se pode dizer de edificante, para quem está nessa fase de vida. A gente não pode dizer que é a mesma coisa, que não é jamais.

        Primeiramente, o que ficou para trás, o tempo levou para sempre. Nada poderá se reconquistado ou ser como antes, porque tudo passou. Ficou num tempo perdido no espaço do pensamento, nada mais que isto. Então a gente na verdade, está na fase do medo. Medo de viver um novo amor, medo de recomeçar o que não há mais sentido e o principal, medo da morte, que não deveria se ter, porque inexoravelmente, é uma certeza inafastável de quem tem vida e desta, ninguém escapa. Que seja de repente, sofrendo como um dejeto qualquer jogado à sua própria sorte no final da vida, vivendo, vivendo não!, definhando ou sendo manipulado pelas mãos dos outros e até de ninguém! - Então onde essa fase pode ser chamada de melhor idade, hein, minha gente! – Seria de bom tamanho, que alguém viesse dentro de uma lógica, explicar que porra de melhor idade é essa? – Então, ruim por ruim, o menos mal, é viver o tempo que lhe resta enquanto se tem consciência, porque depois que até esta lhes faltar, então você se transforma em um morto-vivo sem saber sequer que existe. Então os nossos medos existem em todos os sentidos. É medo de tudo, mesmo se fazendo de bestas e se dizendo corajosos, mas na verdade, ninguém nessa fase de vida, de decrépitos velhos mofinos, mentindo para si mesmos, acreditando que a criança que existia dentro de você ainda está ali. Pode estar sim, mas simplesmente dentro de você e enquanto consciência de sua existência cada um tiver, senão, tudo se acabou mesmo de vez, mesmo que se esteja só esperando a morte chegar, todo aprisionado numa UTI qualquer, médicos e hospitais lucrando, e o velho paciente, só esperando o último suspiro, para o veredictum final, “olha gente da família, fulano, sicrano ou beltrano, não aguentou, teve uma parada cardíaca, falência múltipla de órgãos e morreu. Ora, quem já está numa UTI, na fase de vida de terceira idade, não pode esperar outro “gran finale”, ou será que pode? – Essa é a face teratológica da vida, na tragédia da morte, inevitável morte!

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