Até
gostaria de estar escrevendo de outros assuntos, a exemplo de política, dos
problemas sociais que vem ocorrendo mundo afora, sobretudo em país, sobre o
lançamento de meu quinto livro, estruturando em versos uma poesia, ou em prosa:
um conto, uma crônica ou um causo ou me debruçando no romance que estou
escrevendo, mas não, o que me vem à cabeça, à mente e em minh’alma no momento, é
tão-somente a dor incomensurável da trágica perca irreparável de meu amado e
querido filho. Não sai de minha mente na condição de pai e isso pelo visto, não
vai ter fim.
A
gente pode até amenizar a dor da perda de um pedaço da gente que se foi e que
não voltará jamais. É triste e doloroso, mas nada há mais a se fazer. Tenho
outros filhos para cuidar e que ainda, por mais crescidos e amadurecidos que
estejam, sinto no meu coração que ainda precisam de mim e por isso mesmo, é que
tenho que ter forças suficientes, mesmo com um coração despedaçado, ainda assim
tenho que encontrar qualquer graveto para me dar a devida sustentação e dar
continuidade ao processo de vida. Nada que possa fazer vai mudar essa triste
realidade e acabar com a minha dor, porque esta a carregarei até o último
suspiro de vida.
A
dor é imensa, enorme, incomensurável. Como se medir essa dor, não há medida no
mundo descoberta pelo ser humano, daí a busca pelo sobrenatural, ao invisível,
ao Criador, que muitos denominam de Deus, porque outra explicação a gente não
encontra para nos dar conforto e atenuar o sofrimento de um pai que buscou dar
o melhor de si para a criação de seus filhos, como o fiz. Talvez tenha errado
pontualmente aqui, acolá, em determinados instantes, ocasiões impensadas, porém
nunca deixei de amar os meus filhos, minhas flores, meu jardim que plantei. Sem
uma dessas flores ele ficou incompleto, porém nunca deixará de existir como se
completo fora, em meu ferido e estilhaçado coração e de pai.
Sei
que posso até ser repetitivo e insistente, em neste momento, tanto buscar
externar esse meu intrínsico sentimento, mas não encontro outro caminho, a não
ser colocar para fora o que o meu coração pede e manda. Talvez até seja uma
forma de conversar com ele, como fiz ainda nas últimas palavras em que procurei
ter uma conversa com ele ainda prostrado horizontalmente no seu esquife, em que
na imobilidade sem vida, sem me ouvir, sem poder me ver ou balbuciar algumas
palavras, mesmo no ápice de minha extremada dor, ainda assim conversei com ele
pela última vez. Até no momento atual imagino, elevo meu pensamento e imagino
está conversando com ele, e lhe dizendo tantas coisas que gostaria de tê-lo
feito ainda em vida, porém os desandares da vida foram mais velozes, se
adiantaram ao que imaginava ter mais tempo, mas agora digo em seu fenecimento e
acredito que ele há de me ouvir seja lá onde quer que esteja, quer no andar de
cima, no Céu, numa constelação de estrelas onde só as pessoas boas irão
dormitar, descansar o denominado sono eterno da vida eterna, como ele sempre
fora em sua curta estada neste mundo terreno.
Meu
querido e amado filho, dirijo estas maus traçadas linhas para você de toda
força de meu coração, dizendo que você, pela sua leveza de ser humano, a
maneira de se comportar sempre alegre, fazendo amizades, com àquele
característico riso largo de um canto da boca ao outro, com àqueles olhinhos de
japonês quando gostavas de dar àquelas gostosas gargalhadas ou quando na
seriedade, discutíamos respeitosamente, como pai e filho, sobre assuntos
sérios, sem nunca perder a serenidade e ternura, nem com teus familiares,
tampouco com as tantas legiões de amigos que fizestes neste curto lapso
temporal de vida. Fostes um estudioso abnegado pelo que colocava em mente como
objetivo de vida e, como profissional, tivestes uma conduta inatacável, digna
de encômios pela corporação da PMAL em que convivestes durante mais de dezesseis
anos e eras querido e tido como pessoa no exercício de seu mister, de
irretocável conduta exemplar.
Gostaria
de te dar os abraços que não te dei, mas sei tarde agora, mas de coração que
esses abraços sejam eternos enquanto vida tiver, tanto meu, quanto de tua mãe,
de teus irmãos e dos tantos amigos que semeastes por todos os lugares por onde
passastes. Nunca soube de nenhuma inimizade, porque em tua vida era só alegria.
Tristeza, ar de dolência, de indiferença, de desamor ao próximo, não estava em
teu dicionário, tampouco em teu coração, porque eras além de tudo, PAZ E AMOR,
por isso mesmo é que te digo: FILHO VOCÊ VIVE, porque para nós que te amamos
jamais você fenecerá. HÈMERSON MODESTO VIVE!
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