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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

DE VOLTA À TRIBUNA DO JÚRI




     Ontem, depois de algum tempo, voltei a atuar na Tribuna do Júri no Juízo de Direito da Comarca Única de Buíque, minha terra natal.
     Senti-me numa arena que sempre gostei de fazer com mais amor, tenacidade, bravura e devoção. Não que tenha me descuidado das demais áreas do Direito aonde sempre atuei e ainda atuo, porém o júri é àquela parte inserida nos liames do Direito que mais me seduz. Sempre tive uma queda pela defesa das pessoas, daquelas que por alguma razão cometeram algum delito de competência do Tribunal do Júri, julgado por “juízes leigos”, saídos do próprio esteio social onde vivem juntamente com àquela pessoa que vai passar pelo crivo dos veredictos do voto de cada jurado, que se diz soberano e respeitado, pelo menos em tese, mas ainda é o melhor do Direito.
     Nesses meus vinte e oito anos de militância advocatícia, atuando sempre como clínico geral, porque a advocacia interiorana assim nos obriga a atuar, senão ninguém sobrevive, mas tenho lá um pouco frustração pelo fato de não ter me especializado tão-somente no Direito Criminalista e com especialidade no Tribunal do Júri Popular, porque defender um sujeito que é diminuído a própria insignificância de sua cidadania e de ser humano, é algo que sempre me foi gratificante. Nunca fiz júris em que o operador do direito nessa área venha a cobrar altos valores, mas apenas júris em que a gente faz por amor, devoção, dedicação e pelo sacerdócio de se estar servindo a uma pessoa pobre que não pode pagar um profissional do Direito que a cada júri que faz enrique ainda mais o seu patrimônio. Faço por defender o bom combate em favor daqueles que são fracos e oprimidos.
      Não enriqueci com a advocacia, como alguns poucos chegaram a enriquecer. Também não cheguei a ter uma grande banca bem estruturada, que estão mais para grupos familiares que reunidos formam grandes escritórios que rendem muito dinheiro e ganham por hora e não as migalhas que a gente em muitas circunstâncias, não em desvalorização da advocacia, ou em desrespeito aos demais colegas, mas porque a gente vive fazendo uma advocacia para pobres e desassistidos e por isso mesmo, não busquei me especializar na Tribuna do Júri Popular. Mesmo assim não me sinto, com a força que me vem de dentro para fora, melhor ou pior de qualquer advogado especializado somente nesse segmento do Direito.
     Na Tribuna, numa sessão de um júri qualquer, me sinto livre para falar o que bem quero e entendo sobre a problemática social que levam tantos a cometerem crimes, as suas causas, efeitos, criticando a situação prisional caótica em que nosso país vive e com um olho apontado uma solução, que pelo visto, ninguém quer, nem mesmo o Judiciário, porque os problemas maiores de um país, para que não haja incidência de um elevado índice de criminalidade, são justamente investimentos sérios em saúde, educação de qualidade, na divisão de riquezas para os menos aquinhoados da sorte, para os socialmente mais pobres e miseráveis deste nosso Brasil, o que não vem acontecendo.
      Nos vem agora com uma deturpada filosofia dantesca, de que “bandido bom, é bandido morto”. É, até que poderia em determinados casos, vir a ser a solução, só que estão esquecendo, que em sendo o cidadão, o ser humano, produto do meio social, há de se olhar para o início do fio da meada, que muita coisa está faltando para que não se venha com essa esdrúxula ideia de que “bandido bom, é bandido morto”, porque muitos inocentes vão pagar pelos pecadores, esta é a realidade que antevejo. Por que isso não acontece em países como Islândia, Dinamarca, Áustria, Nova Zelândia, Suiça, Finlândia, Canadá, só para citar alguns. Ora, nesses países citados, as riquezas são melhores distribuídas e praticamente não existem roubalheiras e corrupções nem do povo, tampouco dos mandatários e das instituições, por isso mesmo é que o índice de criminalidade é inexistente e praticamente muito baixo.
      Por fim, acredito eu que nesses meus últimos dias de vida que ainda me restam, vou buscar me aprimorar melhor na Tribuna do Júri e dedicá-los na sustentação de defesas em qualquer Tribunal de Júri deste nosso Brasil, para minha realização maior como operador do Direito, porque posso está envelhecendo da matéria, menos da alma.

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